Há 26 Anos Estreava a Novela AMAZÔNIA, da Manchete #30

Após o sucesso da novela Pantanal, a Manchete queria lançar uma nova superprodução que alcançasse os índices da história de Benedito Ruy Barbosa, e apostou todas as suas fichas em Amazônia, importando do Chile, o autor Jorge Duran.

Jorge Durán

Dividida em duas partes, Amazônia foi escrita por Jorge Duran juntamente com Denise Bandeira, Ana Maria Nunes e Paulo Halm, com direção de Carlos Magalhães, Marcelo Barreto e Roberto Naar, na primeira parte. A segunda parte, contou também com Regina Braga, Marilu Saldanha e Tânia Lamarca. A frente da direção estiveram Marcos Schetchmann, Rud Lageman, José Joffily, Tânia Lamarca, Betse de Paula e Tizuka Yamazaki, que também esteve a cargo da supervisão.

Tizuka Yamazaki

A proposta da novela era unir dois séculos através da história da Amazônia. Os dois tempos de Amazônia dividiam-se entre os anos 1899 e 2010, a história se passava no passado e no futuro, nunca no presente. Na Manaus futurística, Lúcio (Marcos Palmeira) é o chefe dos trambiqueiros de uma gangue de Porto de Manaus, que descobre uma paranormalidade que o leva a viajar no tempo e se ver na pele de Caio (Marcos Palmeira), herdeiro do rico e poderoso Comendador Mangabeira (Antônio Petrin) com Bárbara (Jussara Freire). Noivo da doce Maria Luíza (Julia Lemmertz), filha do comerciante Sr. Peçanha (Leonardo Villar), ambas famílias enriquecidas pela borracha, Caio acaba se interessando pela bela Camille (Cristiana Oliveira), uma dançarina de sucesso na Europa, que ao chegar em Manaus, vai se apresentar no bordel da tia, a cafetina Rosana (Maria Sílvia). O grande vilão da história era Ryan ( José de Abreu).

Caio

Maria Luíza

Bárbara e Caio

Camille

No futuro, Camille é Mila (Cristiana Oliveira), uma jornalista que vive no Rio de Janeiro, mas muda-se para Manaus em busca de aventura. Maria Luíza não existe mais e o triângulo amoroso estabelece-se entre Mila, Lúcio e Andréa (Helena Ranaldi). Daniel (Raul Gazolla), é um líder sindical, uma espécie de Chico Mendes do futuro, ele namora a engajada Marlene (Rafaela Amado), feminista e ecologista. O vilão de 2010 é Marcelo (José de Abreu).

Lúcio, Mila e Marcelo

Andréa

Amazônia foi uma produção pretensiosa, mas seu vai e vem temporal tornou-a confusa e estapafúrdia. Com o slogan "Viver em dois tempos ao mesmo tempo... Romper 100 anos em 1 segundo", a história era contada simultaneamente, com a ação em 1899 e 2010 acontecendo ao mesmo tempo. O resultado foi uma audiência muito aquém do esperado.

Com gastos em torno de 20 milhões de dólares, Amazônia nunca atingiu os 20 pontos de Pantanal, nem mesmo os 16 de A História de Ana Raio e Zé Trovão, sua antecessora, considerados insatisfatórios para a emissora. A audiência atingiu 10 pontos no primeiro capítulo e caiu para 9 a partir do segundo. O investimento na produção da trama desencadeou o início do fim da Manchete, que já estava um pouco endividada, levando o canal a fechar as portas em 1999.

No intuito de salvar o fracasso dos primeiros 43 capítulos, a diretora Tizuka Yamazaki foi acionada para dirigir e supervisionar Amazônia - Parte 2. O futuro foi limado da história e ficou-se apenas no século XIX, mas nenhuma das providências foram capazes de tirar a novela do buraco. Amazônia foi um fracasso retumbante e hoje mal é lembrada, mas vale o registro dos 26 anos de sua estreia, que ocorreu em 10 de Dezembro de 1991. Uma prova viva que não adianta uma grande e caprichada produção se a história não fizer sentido e não for cativante.




Curiosidades:

- Após uma pequena participação em Ana Raio e Zé Trovão, Helena Ranaldi praticamente estreava em Amazônia. Na vida real ela se envolveu com Macos Palmeira com quem fazia par romântico na ficção.

- Christiane Torloni foi convidada para participar da novela por volta do capítulo 30, em uma das tentativas de Tizuka Yamazaki de reforçar o elenco para aumentar a audiência, mas a atriz não chegou a fechar com a emissora para essa participação. O mesmo ocorreu com Angélica, também convidada para reforçar o elenco, o que não se concretizou.

- Durante o início das gravações, em outubro de 1991, José de Abreu perdeu um filho. Rodrigo tinha 21 anos e cometeu suicídio.

- A trama seria dirigida por Jayme Monjardim, mesmo de Pantanal, mas o diretor desistiu na última hora.    

- A novela foi gravada em Pedra de Guaratiba (RJ) e Manaus.

- Em 2007, Glória Perez escreveu a minissérie Amazônia - De Galvez a Chico Mendes, para a Rede Globo, trama que nada tem a ver com esta novela da TV Manchete.