Há 6 Anos Estreava SALVE JORGE #74
Novela de Glória Perez com direção de Luciano Sabino, Alexandre Klemperer, Adriano Mello, João Paulo Jabur, João Boltshauser, Fred Mayrink e Marcos Schechtmann, Salve Jorge foi uma trama das nove com 179 capítulos, antecedida por Avenida Brasil e sucedida por Amor à Vida, que estreou em 22 de Outubro de 2012 e hoje completa seis anos de sua estreia.
O tráfico internacional de pessoas era o mote principal da novela, que tinha como heroína a jovem Morena (Nanda Costa), moradora do Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro, um dos principais núcleos da trama. Ela recebe uma proposta para trabalhar na Turquia e, ao chegar ao país, percebe que foi traficada, passando a lutar para livrar-se da máfia do tráfico e ver presa a chefe da gangue no Brasil, Lívia Marine (Cláudia Raia). Ao longo de toda a trama, Morena vive um romance de idas e vindas com Theo (Rodrigo Lombardi), capitão da cavalaria do Exército, devoto de São Jorge, que deseja assumir a relação e criar como seu o filho da jovem, Júnior (Luís Felipe Lima).
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Morena e Junior |
Morena conhece Theo durante a ocupação do Complexo do Alemão pelas forças de segurança pública do Estado - trechos de reportagens da ação policial foram intercalados a cenas fictícias, no primeiro capítulo da novela. Theo é um dos militares que fica no Alemão para assegurar que os traficantes não retornem a comunidade. Os dois se apaixonam, e Theo termina o namoro com a tenente Érica (Flávia Alessandra), veterinária de seu regimento - para desgosto de sua mãe, Áurea (Suzana Faini), que considera Érica a mulher ideal para seu filho. Theo tem um rival, o capitão Élcio (Murilo Rosa), que morre de inveja dele e vive tentando desacreditá-lo diante dos superiores.
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Theo e Morena |
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Drago, Márcia, Theo e Érica |
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Élcio |
Morena e Theo chegam a ficar noivos e fazer planos para o futuro, mas sempre enfrentam obstáculos que, por vezes, levam ao término da relação. Nessas rupturas, Theo volta a se envolver com Érica, que sempre sonhou casar-se com ele. A tenente é uma mulher íntegra e generosa e sofre por não ser amada pelo capitão da mesma forma que ela o ama. Num determinada momento, desesperada com o risco de perder a casa no Alemão onde mora com a mãe, Lucimar (Dira Paes), o filho, e a tia, Nilcéia (Paula Pereira), Morena aceita a proposta de trabalhar no exterior, com o intuito de juntar dinheiro.. Ela é enganada por Wanda (Totia Meirelles) e viaja para a Turquia, sem imaginar o que a espera.
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Lucimar |
Ao chegar na Turquia em companhia de Wanda, Morena se depara com um grupo de jovens brasileiras trancafiadas. As moças, todas ludibriadas como ela, são obrigadas a se prostituir em uma boate administrada por Irina (Vera Fischer), cujo segurança é o impiedoso Russo (Adriano Garib). As jovens foram mandadas para a Turquia pela quadrilha de Lívia Marine. A vilã é uma mulher perspicaz, sofisticada e estilosa, que se apresenta como agenciadora de talentos artísticos, com contatos preciosos no mundo da moda e do show business. Ninguém sabe detalhes de sua vida, nem mesmo de onde vem sua fortuna. Diz-se divorciada de um italiano, mas é vaga quando alguém procura conhecê-la mais profundamente. A falta de informação é atribuída a uma imagem discreta e reservada. Mas isso é só fachada. Ela é peça-chave de uma quadrilha de tráfico de pessoas: congtrata olheiros, como Wanda, e providencia as falsificações necessárias para viabilizar a viagem das vítimas, que seduz com promessas de turnês esplendorosas e ofertas de empregos, muito bem pagos, no exterior. As jovens embarcam acreditando que rapidamente terão dinheiro suficiente para mudar de vida e ajudar a família, mas terminam em boates de prostituição.
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Wanda |
Jéssica (Carolina Dieckmann), por exemplo, recebe a proposta de um emprego em uma pizzaria em Madri. Rosângela (Paloma Bernardi), é mandada para Paris com a promessa de se tornar modelo internacional. Waleska (Laryssa Dias) foi contratada para ser prostituta de luxo, mas acaba escravizada. Todas precisam se prostituir para pagar estadia, alimentação e roupas. Quem tenta fugir ou pedir ajuda a clientes, pode desaparecer de um dia para outro, sem nenhuma pista. Com passaportes falsos, comprados pelas aliciadoras, e sem nenhum dinheiro, não há como escapar. Enquanto isso, Lívia Marine posa de benfeitora no Brasil. Além do tráfico de pessoas, que inclui travestis e gays, ela acoberta Wanda no tráfico de bebês roubados.
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Rosângela e Jéssica |
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Waleska |
Morena logo se torna amiga de Jéssica, e arma planos de fuga, que não dão certo. As duas ainda tem de enfrentar Rosângela, que vira cúmplice de seus algozes e passa a colaborar no tráfico de pessoas, sonhando com sua carreira de modelo. A certa altura, Morena e Jéssica são obrigadas a transportar drogas para o Brasil no próprio corpo, engolindo pacotes contendo as substâncias ilegais. Elas conseguem cumprir a missão e passam um tempo no Brasil, sendo acompanhadas de perto por Russo e Wanda, que conseguem silêncio das duas ameaçando fazer mal a suas famílias. Antes que retornem à Turquia, Jéssica é assassinada por Lívia após descobrir que ela é a chefe da quadrilha de traficantes. Lívia mata Jéssica usando uma seringa com um líquido letal. A vilã costuma carregar uma seringa na bolsa, para usar quando necessário. No decorrer da trama, ela faz mais uma vítima, utilizando o mesmo método: dá fim à vida de Raquel (Ana Beatriz Nogueira), que ameaça revelar seu segredo.
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Lívia Marine |
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Lívia e Jéssica |
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Lívia e Raquel |
Durante sua estada no Rio de Janeiro, embora vigiada por Russo - que chega a se envolver com sua mãe para intimidá-la -, Morena reencontra Theo e os dois voltam a ficar juntos, levando o capitão a, mais uma vez, romper com Érica, de quem ficara noivo. Morena está disposta a correr o risco e contar à polícia o que sabe mas, antes que o faça, ela é dopada e levada à força para a Turquia, deixando Theo desolado com seu sumiço. Ele acredita que foi abandonado mais uma vez, já que, com medo de ser rejeitada pelo amado com revelação de que se prostituía - mesmo por obrigação -, Morena não lhe contou a verdade sobre seu infortúnio.
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Russo |
De volta à boate turca, ao descobrir que está grávida de Theo, Morena pede socorro ao comerciante turco Mustafá (Antônio Calloni), que se sensibiliza com seu infortúnio e negocia sua compra com Russo. No dia em que a transação será efetivada, ocorre um atentado terrorista próximo à boate, e Morena é dada como morta. Ela é abrigada na Capadócia pelos familiares de Demir (Thiago Abravanel) e Zyah (Domingos Montagner), que desconhecem sua história.
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Mustafá |
Morena tem sua filha na Capadócia e a batiza como Jéssica. Após entrar em contato com a delegada Helô (Giovanna Antonelli), que já vinha seguindo pistas para identificar e prender os integrantes da quadrilha, ela volta ao Brasil disfarçada, e com o apoio da equipe policial, deixa o bebê com sua mãe e passa a colaborar com as polícias brasileira e internacional. Morena retorna à Turquia, onde finge ter virado prostituta, e simula fazer programas com clientes na rua (na verdade, policiais disfarçados) enquanto colhe informações e grava conversas comprometedoras. De dentro da boate das traficadas, Waleska ajuda na missão.
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Helô |
Enquanto Morena estava escondida na Capadócia, Theo voltou a se acertar com Érica e se casou com ela. No entanto, disposto a desvendar o que teria acontecido com Morena, ele se envolveu com Lívia Marine, certo de que essa mulher escondia muitos segredos. Lívia se apaixona pelo capitão, e fica obcecada por ele. A partir daí, começa a meter os pés pelas mãos. Quando descobre que Érica está grávida de Theo, contrata alguém para fazê-la perder o bebê. A tenente é salva pela delegada Helô, mas acaba perdendo a criança no final da trama, após ser atropelada acidentalmente por Haroldo (Otaviano Costa). Érica e Haroldo ficam juntos no final da novela.
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Érica e Haroldo |
Ainda nos capítulos finais de Salve Jorge, Morena e Theo se reconciliam na Turquia, e ela conta toda a verdade para o capitão, inclusive que ele é o pai de Jéssica. A filha dos dois é sequestrada a mando de Lívia e enviada para a Turquia para ser vendida, mas Theo consegue resgatá-la. Com a ajuda de Morena, a quadrilha é identificada, todos os traficantes presos, e as vítimas, libertadas. Lívia chega algemada no aeroporto do Rio, após vários embates com Morena e a delegada Helô ao longo da trama. Theo e Morena voltam ao Alemão com Jéssica e são recebidos com festa.
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Theo, Morena e Junior |
Outras histórias compunham a trama de Salve Jorge:
No núcleo do Alemão, além da protagonista Morena e de sua família, vivem vários personagens da trama. Antigos moradores
retornam à comunidade após a pacificação, como a manicure Nilceia, tia de Morena. O local também vira ponto turístico, e o malandro Miro
(André Gonçalves) não perde a oportunidade de fazer dinheiro, tornando-se guia.
O jovem Sidney (Mussunzinho), por sua vez, posta os acontecimentos e a
efervescência do lugar nas mídias sociais. Dona Diva (Neuza Borges) e Seu Clóvis
(Walter Breda), avós do rapaz e donos de um dos bares da comunidade,
multiplicam as mesas e os quitutes para receber os visitantes.
Lá também vive o nordestino Seu Galdino (Francisco
Carvalho), dono de uma lojinha. Ele não suporta perguntas bobas e vive
reclamando das confusões provocadas pelas mulheres do Alemão, alardeando que em
sua terra elas têm que respeitar os homens e “dar-se ao respeito”. No último
capítulo da novela, Seu Galdino fica embaraçado quando sua esposa, que ele
abandonou no Nordeste, aparece no morro brigando com ele e deixando claro quem
manda em sua casa.
Também faz parte desse núcleo Delzuíte (Solange Badim), mãe
de Lurdinha (Bruna Marquezine) e Samantha (Karina Ferrari). Delzuíte é
apaixonada pelo malandro Pescoço (Nando Cunha), e faz vista grossa para suas
traições. Depois de passar um tempo na prisão, Pescoço se mostra arrependido e
disposto a retomar o casamento, mas não se emenda. Vive atrás de Maria Vanúbia
(Roberta Rodrigues), uma perua que se acha melhor do que todos ali, e que vive
tomando sol, de biquíni, na laje de sua casa.
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Pescoço, Delzuíte, Samantha, Aisha e Lurdinha |
Bianca (Cleo Pires) é uma mulher independente e moderna, que, no início da novela, envolve-se com o advogado Stenio (Alexandre Nero), ex-marido da delegada Helô (Giovanna Antonelli), um conquistador inveterado. Recém-chegada dos Estados Unidos, a moça desembarca no Rio de Janeiro chocando a sociedade carioca com um “descasamento” em grande estilo: a dona da festa demora a chegar, como uma noiva tradicional; sua entrada é triunfal; e os convidados curiosos observam o buquê de peônias pretas, o bolo separado ao meio com o bonequinho do noivo enterrado de cabeça para baixo e os docinhos “bem-separados”. O momento de maior surpresa é a entrada do ex-marido (Diego Cristo), que vai à comemoração e, com a maior naturalidade, chama a ex-esposa para a pista de dança.
É por Bianca que Stenio se encanta. Os dois decidem curtir o romance viajando para a Turquia. A viagem, pensada para ser uma lua de mel, vira do avesso a vida dos dois quando Bianca conhece Zyah (Domingos Montagner), guia turístico que os acompanha nos passeios pela Capadócia. Zyah ficou viúvo e assumiu sozinho a criação do filho, Ekran (Frederico Volkmann). É um homem orgulhoso de suas tradições e aparentemente rude, mas, no fundo, sensível e cavalheiro.
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Stênio e Bianca |
Ao optar por Zyah, Bianca abandona o Brasil, deixa de lado seu jeito livre e abre mão da sociedade que fez com Maitê (Cissa Guimarães), criando uma marca de joias. Além da dificuldade de conciliar visões de mundo tão diferentes, ela enfrenta a grande família do turco, que habita um vilarejo da Capadócia. A avó Farid (Jandira Martini), o irmão Kemal (Ernani Moraes), a cunhada Esma (Elisângela), o sobrinho Demir (Tiago Abravanel) e o filho Ekran não aprovam o romance. Além disso, Bianca tem uma rival: Ayla (Tânia Kalill), enteada de Sarila (Betty Gofman). Diferentemente de Bianca, Ayla é carinhosa, respeita as tradições e trata Ekran como se fosse seu filho. Bianca não aceita o menino.
Após viver uma intensa paixão com Bianca, Zyah se casa com
Ayla depois que a brasileira assume que não se encaixa naquela vida
tradicional. Algum tempo depois, porém, Bianca percebe que ama realmente Zyah e
volta à Turquia, disposta a reconquistá-lo. O turco, dividido, chega a trair
Ayla, que enfrenta a estrangeira e luta com suas armas para não perder o
marido. Zyah termina a novela ao lado de Ayla, celebrando a gravidez da esposa,
e Bianca volta para o Brasil.
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Bianca, Ayla e Zyah |
Depois de ficar viúva, a geniosa Sarila (Betty Gofman) volta à sua aldeia, no interior da Capadócia, acompanhada da enteada, Ayla (Tânia Kalill), e da filha, Tamar (Yanna Lavigne). As três vivem da arte de tecer tapetes – são artesãs habilidosas, uma herança familiar.
Sarila é uma mulher moderna para os padrões do interior, mas
não abre mão de antigas tradições. Assim que se instala em sua casa, faz
questão de seguir um velho costume: colocar no telhado, bem à vista, garrafas
de vidro correspondentes ao tipo físico das moças solteiras da família. Os
candidatos devem atirar na garrafa equivalente à moça de seu interesse. Ela
quer ver as filhas realizarem um bom casamento.
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Demir e Tamar |
A delegada Helô foi um dos destaques da novela. Decidida, forte e carismática, a personagem roubou muitas cenas, tanto nos momentos de discussão com o ex-marido, Stenio, que não perdia a oportunidade de tentar uma reaproximação – contando com a cumplicidade da doméstica Creusa (Luci Pereira) –, como envolvida na identificação e prisão da quadrilha de Lívia Marine.
Helô e Stenio, em cenas bem-humoradas, garantiram ótimos
momentos à trama. Os dois estavam sempre em desavença, ora por conta das
confusões em que se metia a filha, Drika (Mariana Rios), que encontrou um noivo
mais inconsequente do que ela, o jovem Pepeu (Ivan Mendes); ora porque Stenio
sempre defendia e soltava os suspeitos presos pela criteriosa delegada.
Advogado de reconhecida competência, Stenio era sócio de Haroldo e Deborah (Antonia Frering) em um escritório de advocacia. Ao longo da
história, chega a ser advogado de defesa de Lívia – ignorando seu envolvimento
no crime –, confrontando os interesses de Helô.
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Drika e Pepeu |
Helô tinha uma equipe fiel: o detetive Barros (Marcello Airoldi) e a oficial de cartório Jô (Thammy Miranda), lésbica masculinizada. No decorrer da trama, Helô faz concurso para delegada federal e passa a comandar, junto com o policial Ricardo (Alexandre Barros), a investigação sobre tráfico humano, iniciando um jogo de gato e rato com Lívia. A vilã tenta matá-la duas vezes, sem sucesso. A cartada final da delegada acontece quando ela passa a contar com a colaboração de Morena na investigação. Além disso, Jô se infiltra na boate da Turquia, fazendo-se passar por prostituta e conquistando a confiança do malvado Russo.
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Jô como Silmara/Lorrana e Russo |
No final da novela, Helô e Ricardo conseguem prender Lívia, Irina, Wanda e Russo, além de libertar as vítimas do tráfico.
Depois de tanta insistência, a delegada não resiste aos galanteios
do ex-marido e eles se casam novamente. Os dois têm mais um desafio: criar o
filho de Drika e Pepeu, que descobrem que serão pais mas não têm a menor
condição de assumir uma criança.
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Helô e Stênio |
Drika sempre conseguiu tudo o que queria, fruto de uma criação cheia de mimos do pai. No início da novela, casa-se com o irresponsável Pepeu, sem se importar com as consequências. Radical e mais firme que Stenio, Helô sempre achou que Pepeu só potencializaria a falta de limites da filha, o que acabou acontecendo. O jovem casal chega ao fim da trama tão irresponsável quanto antes.
Mustafá é um turco muito rico, casado com
Berna (Zezé Polessa), com quem adotou Aisha (Dani Moreno). A jovem nasceu no
Brasil, mas ainda bebê foi levada para a Turquia. Aisha começa a questionar os
pais sobre seu processo de adoção e sonha conhecer sua família biológica.
Quem entra em pânico com o desejo da filha é Berna. Ela
passou a vida inteira tentando esconder de todos, inclusive do marido, que
comprou Aisha de Wanda no passado. Wanda, assumindo diversas
identidades, sempre roubou bebês para vender a interessados fora do Brasil.
Desesperada para ter um filho e dar um herdeiro a Mustafá, Berna conheceu
Wanda, fez um acordo com ela e inventou que conseguiu a menina por meios
legais. Quando o segredo vem à tona, tanto o casamento de Berna quanto sua
relação com a filha adotiva fica abalada.
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Berna, Aisha e Mustafá |
Aisha, por sua vez, tem um choque ao descobrir que é filha de Delzuíte, moradora do Alemão que teve seu bebê roubado na maternidade. Jovem sofisticada, acostumada ao luxo e com outra formação cultural, Aisha, a princípio, reluta em aceitar sua família biológica. Com o tempo, porém, consegue amar a mãe que a colocou no mundo, e faz amizade com suas irmãs, Lurdinha e Samantha.
Na mansão dos Flores Galvão, D. Leonor (Nicete Bruno)
diverte-se com a ambição dos enteados, que conseguiu reunir à sua volta depois
que espalhou não ter muito mais tempo de vida. Para testar a cobiça deles, a
milionária decide comprar a cachorrinha Emily, a quem trata com todas as
regalias. A cadela vive emperiquitada com suas joias, alvo do desejo de suas
enteadas Aída (Natália do Vale) e Rachel, e de Amanda
(Lisandra Souto), mulher do enteado Carlos (Dalton Vight).
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D. Leonor |
Carlos sempre a ajudou a dirigir a empresa da família, mas Aída e Rachel só se dedicaram a gastar dinheiro com viagens. Carlos casou-se primeiro com Yolanda (Cristiana Oliveira), uma alpinista social, com quem teve Caíque (Duda Nagle). Em seguida, uniu-se à Amanda, mãe de sua filha Carol (Camila Freitas). Amanda, apesar da elegância, também não passa de uma interesseira. Carlos sofre por ter de administrar constantemente as desavenças entre sua esposa, sua ex e suas irmãs.
Quem testemunha tantos conflitos é o mordomo Thompson
(Odilon Wagner) e a arrumadeira Salete (Flávia Guedes). Thompson preza pelas
tradições, e enlouquece com tantas confusões na mansão, considerando tudo um
desrespeito à matriarca.
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D. Leonor, Raque, Aída, Amanda e Thompson |
Ao longo da trama, Carlos se envolve com Antônia (Letícia Spiller), e trava uma luta com Amanda para obter o divórcio. Ela revela que ele não é filho legítimo do marido falecido de Leonor, mas fruto do relacionamento de sua mãe com um segurança. Leonor, no entanto, conta que ela e o marido sabiam disso, e o mantém na direção da empresa da família, por confiar em seu caráter e porque era o desejo do falecido. Aída se casa com o coronel Nunes (Oscar Magrini). Já a intrometida Raquel morre assassinada por Lívia Marine após descobrir que ela é a chefe da quadrilha de tráfico humano.
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Carlos e Antônia |
Isaurinha (Nívea Maria) é uma ex-rica, cujo marido, Arturo (Stênio Garcia), perdeu tudo o que tinham em apostas e manobras arriscadas na bolsa de valores. Mesmo não tendo nem como pagar o condomínio do apartamento onde vivem, os dois não se conformam em levar uma vida mais simples, e tentam manter as aparências a qualquer custo. D. Leonor, uma mulher extremamente generosa e que estima muito suas amizades, contribui para essa situação. Ela manda regularmente uma boa quantia em dinheiro para a amiga. Leonor, seu marido falecido, Isaurinha e Arturo sempre foram grandes amigos, dividindo encontros e passeios.
Celso (Caco Ciocler), filho de Isaurinha e Arturo, não tem o
menor senso de realidade. Recusa-se a procurar um emprego estável por não se
imaginar funcionário de alguém, e ainda exige que sua esposa, a ex-modelo
Antônia, também fique em casa. Não a imagina trabalhando de
novo. Mas Antônia quer muito mais para a sua vida. Ela se torna sócia de Wanda, por intermédio de Lívia Marine, ignorando que as duas são criminosas. Antônia aceita colocar a
empresa em seu nome com a garantia de que a sócia arcaria com todos os custos –
torna-se uma inocente útil. A empresa faz seleções de modelos, além de grupos
de música e dança para trabalhar no exterior. Antônia não sabe que algumas
meninas selecionadas são traficadas.
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Arturo, Isaurinha e Celso |
No decorrer da novela, Antonia se apaixona por Carlos, e os dois enfrentam as armações de seus respectivos cônjuges - Celso e Amanda – para ficar juntos. Determinado a não perder a esposa, Celso usa a filha, Raíssa (Kíria Malheiros), na disputa, fazendo-a ficar contra a mãe.
Nos capítulos finais, Celso descobre que não é filho de
Arturo, mas fruto de uma noite de amor de sua mãe com o marido falecido de
Leonor – segredo guardado por Isaurinha a sete chaves, durante anos. Arturo tem
um infarto fulminante ao descobrir a verdade, já que os dois casais eram
grandes amigos. Interessado em dinheiro, Celso finalmente desiste de Antônia e
fica com Amanda, cujo interesse também sempre foi manter sua condição
financeira. Antônia e Carlos ficam livres para casar. Já Leonor, abalada, rompe
a amizade com Isaurinha.
Trilha instrumental:
- Um workshop com palestras sobre os temas da história foi
ministrado ao elenco e à equipe antes do início das gravações.
- Durante três meses, o elenco teve aulas de preparação
corporal para dar vida aos personagens. Os atores do núcleo turco aprenderam
várias danças do país, entre as quais a kavkaz, a de maior destaque na trama.
- A atriz Cleo Pires teve aulas de dança dos sete véus e de
dança do ventre turca para interpretar a personagem Bianca.
- Personagens do núcleo do Complexo do Alemão tiveram aulas
de funk e dança do passinho.
- O grupo da cavalaria do Exército, formado por Theo (Rodrigo Lombardi), Érica (Flávia Alessandra), Élcio (Murilo Rosa), Ciro (Sidney
Sampaio), Nunes (Oscar Magrini), Márcia (Fernanda Paes Leme) e Drago (Leonardo
Carvalho), fez aulas de montaria e passou cinco dias na Academia Militar das
Agulhas Negras, em Resende, no Rio de Janeiro, acompanhando a rotina dos
cadetes e fazendo exercícios físicos, aulas de veterinária, tiro e direção de
blindados.
- Zezé Polessa, Dani Moreno, Clarisse Derziê Luz, Julia
Mendes, Elizângela, Jandira Martini, Tânia Khalill, Yanna Lavigne e Betty
Gofman fizeram aulas de culinária turca. Alguns atores do núcleo da Capadócia
também aprenderam a dirigir quadriciclos, muito usados na região.
- Glória Perez escolheu a Turquia como cenário após ler as duas primeiras
publicações de Kátia Mindlin Leite Barbosa e de Dalal Achcar sobre o país. A
novelista logo identificou que a cultura milenar, a mistura entre Oriente e
Ocidente e o cenário deslumbrante renderiam uma bela trama.
- O Complexo do Alemão foi escolhido como berço da
protagonista, Morena (Nanda Costa), porque a ocupação do território pelas
forças de segurança foi um marco para o processo de pacificação do Rio de
Janeiro. Moradores da comunidade fizeram participação especial na novela, entre
eles Otávio Jr, com sua biblioteca itinerante; Renê Silva, fundador do Jornal A
Voz da Comunidade; o fotógrafo Bruno Itan; e Adriana de Souza, conhecida como
Adriana da Empadinha, que aparecia em cena fazendo exatamente o que faz na vida
real: vendendo brigadeiros e empadas.
- A novela inspirou a exposição fotográfica Guerreiros da
Vida Real, realizada pela Rede Globo no Complexo do Alemão. As imagens foram
produzidas pelos fotógrafos Alex Carvalho, Estevam Avellar, João Cotta, João
Miguel Júnior, Raphael Dias e Renato Rocha Miranda, da Central Globo de
Comunicação. A inauguração da exposição contou com um show aberto de Tiago
Abravanel no alto do Morro do Adeus. A iniciativa foi uma homenagem àqueles que
moram e trabalham no Complexo do Alemão e na Penha.
- Lançado no mesmo ano da novela, o livro A Turquia de
Salve Jorge, uma parceria da Globo Marcas com a editora Adresses, trazia uma
introdução histórica, um breve roteiro de Istambul e Capadócia, e depoimentos
da autora Glória Perez, do diretor Marcos Schechtman e de 11 atores – entre os quais Rodrigo Lombardi, Nanda Costa, Cleo Pires, Cláudia Raia e Antonio Calloni – sobre os cenários internacionais da novela.
- A novela de Glória Perez enfrentou a rejeição do público e
críticas por toda parte, seja pela repetição de temas e elenco, pelo número
excessivo de personagens, ou pelas dancinhas e bordões estrangeiros que já não
despertavam mais tanto interesse como na época de O Clone (2001-2002).
A Turquia retratada em Salve Jorge pareceu uma mistura de Marrocos
(de O Clone) com a Índia (de Caminho das Índias – 2009).
- A princípio, o maior inimigo de Salve Jorge era
a novela anterior no horário, Avenida Brasil, que acostumou mal o
telespectador com uma trama ágil, deixou muitos “viúvos apaixonados” e tinha
uma grande diferença com a novela de Glória Perez, narrativa e esteticamente
falando. O sabor de novidade de Avenida Brasil foi substituído por
uma novela conservadora e já conhecida do público. Apesar de o tráfico humano
abordado na trama ser uma novidade bem vinda.
- Antes mesmo da estreia, a escalação da jovem atriz Nanda
Costa para viver a protagonista Morena foi criticada. Sempre coadjuvante na TV,
ela já se destacara no cinema, mas estranhou os desavisados. Por fim, Nanda fez
seu papel direitinho e mostrou a segurança das protagonistas até nas cenas que
mais lhe exigiam.
Em contrapartida, o protagonista masculino ganhou uma alcunha que lhe caiu como uma luva: PasThéo, um mocinho volúvel, mimado pela mãe e rejeitado do início ao fim pelo público, que passou longe de representar “o cara” de sua canção-tema (“Esse Cara Sou Eu”, com Roberto Carlos). Mais culpa do texto e do perfil do personagem do que da capacidade do ator (Rodrigo Lombardi).
Em contrapartida, o protagonista masculino ganhou uma alcunha que lhe caiu como uma luva: PasThéo, um mocinho volúvel, mimado pela mãe e rejeitado do início ao fim pelo público, que passou longe de representar “o cara” de sua canção-tema (“Esse Cara Sou Eu”, com Roberto Carlos). Mais culpa do texto e do perfil do personagem do que da capacidade do ator (Rodrigo Lombardi).
- Salve Jorge registrou a menor média de audiência
entre as novelas das nove da Globo até então: 34 pontos (perdendo para Passione35, Insensato
Coração 36, Fina Estampa e Avenida Brasil, 39). Mas a
audiência não era um fato isolado. A novela estreou em uma época ruim, com
Horário Político, Horário de Verão, festas de fim de ano, feriadões. E não só a
novela das nove, mas todo o horário nobre sofreu uma queda vertiginosa na
audiência no período, em todas as emissoras. Não por acaso, a trama das sete (Guerra
dos Sexos) e a das seis (Lado a Lado) também amargaram índices baixos no Ibope
da Grande São Paulo. Em outras praças, e em outros mecanismos de medição, a
audiência foi mais representativa.
- Glória Perez apelidou os usuários de mídias sociais que
criticavam sua novela de “bonde do recalque”. Chegou a sugerir que havia
gente recebendo dinheiro para falar mal da trama. De fato, houve uma campanha
contra Salve Jorge antes de sua estreia: os evangélicos se
movimentaram para boicotar a novela, acusando de que ela fazia apologia às
religiões afro-brasileiras.
- Mas as críticas geraram ruído e repercussão. Salve
Jorge sobreviveu do que repercutiu. Thammy Gretchen dançando a “Conga”,
travestis traficados, as surras que a vilã Wanda (Totia Meirelles) levou, a
seringada no elevador, o wi-fi na caverna, viagens de jatinho à Turquia, o
“cabelo bipolar” de Morena, a igreja 24 horas, os personagens que sumiram, bebês
dentro das bolsas, português falado na Turquia, a repetição de elenco e estilo,
e o próprio bonde do recalque, só serviram para chamar a atenção do público.
- Com um dos elencos mais numerosos já reunidos – quase cem
personagens – ficou difícil para a autora administrar tanta gente. Algumas
tramas e personagens simplesmente sumiram da novela sem maiores explicações,
como Miro (André Gonçalves), Dália (Eva Todor) e Yolanda (Cristiana Oliveira).
- Mas, mesmo assim, passada metade da novela, Glória fisgou
seu público com tipos bem populares (Maria Vanúbia/Roberta Rodrigues e
Pescoço/Nando Cunha que o digam) e temas de interesse social. Adoção ilegal,
alienação parental e tráfico de humanos (mulheres, travestis, bebês) estiveram
na pauta durante os sete meses da novela: o grande mérito de Salve Jorge,
levar ao conhecimento do público assuntos tão pertinentes.
- Salve Jorge reservou ótimos momentos para Giovanna
Antonelli e Carolina Dieckmann – quase elevadas à categoria de protagonistas da
novela, ante a rejeição inicial sobre Morena/Nanda Costa. Antonelli brilhou
tanto que sua delegada “Donelô” tornou-se um de seus melhores papeis em TV.
Inicialmente Carolina Dieckmann faria apenas uma participação especial de 30 capítulos, mas sua personagem caiu no gosto do público e somente deixou a trama no capítulo 79, (em 22/01/2013). Jéssica descobriu que Lívia era a chefona do tráfico e a vilã a assassinou com uma injeção mortal que carregava na bolsa.
Inicialmente Carolina Dieckmann faria apenas uma participação especial de 30 capítulos, mas sua personagem caiu no gosto do público e somente deixou a trama no capítulo 79, (em 22/01/2013). Jéssica descobriu que Lívia era a chefona do tráfico e a vilã a assassinou com uma injeção mortal que carregava na bolsa.
- Brilharam também Dira Paes e Totia Meirelles. A
mãe-coragem Lucimar e a vilã Wanda foram uma atração à parte dentro da trama.
Dira teve cenas ótimas, responsável por alguns dos momentos de maior carga
dramática na história. Wanda foi o destaque do núcleo dos vilões, a única com
alguma humanidade e que fugiu do estereótipo caricato de Lívia Marine ou Irina
(as personagens das robóticas Cláudia Raia e Vera Fischer). Outro destaque
entre os vilões foi Adriano Garib, como Russo.
- Do núcleo dos turcos, entre vários personagens
desinteressantes, salvou-se a trama da família de Mustafá (Antônio Calloni),
com o drama de Aisha (Dany Moreno), que passou a novela inteira atrás de suas
origens e, ao final, descobriu que havia sido vítima do tráfico de
recém-nascidos. Mas foi difícil de engolir a resistência de Aisha em aceitar a
mãe biológica, Delzuíte (Solange Badin) (por ela ser uma humilde moradora do
Morro do Alemão), após ter caído no papo de Wanda e aceitado ela como sua mãe,
mesmo Wanda estando presa. Preconceito social de Aisha, ou uma situação, que
ficou incoerente, criada apenas para atender o roteiro?
- Independentemente de esta ter sido mais uma das várias
incongruências de Salve Jorge, a novela entrou para a história como a que
teve mais furos de roteiro. E o bonde do recalque foi implacável com Glória
Perez. Nada passou despercebido. O auge ocorreu na sequência em que Raquel (Ana
Beatriz Nogueira) é assassinada: ela entra no elevador do hotel para melhorar o
sinal do celular (?) e Lívia Marine mete-lhe uma seringa envenenada no pescoço
dentro do elevador – ignorando o fato de que qualquer elevador possui câmeras
de segurança. A autora foi ao Twitter tentar se explicar: “Livia
Marine tinha contatos no hotel”
- Outra justificativa muito usada por Glória foi a de que
novela é ficção, não tem a obrigação de mostrar a realidade – “Licença poética!
É preciso voar!”
- Em Portugal a novela ganhou o título de A Guerreira
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