Há 20 Anos Estreava a Luxuosa HILDA FURACÃO #57



Hilda Furacão, minissérie adaptada do romance homônimo do jornalista e escritor Roberto Drummond, narra a história de Hilda Gualtieri Muller (Ana Paula Arósio), uma bela moça da alta sociedade, que nos anos 1950 e 1960, desiste do casamento no dia da cerimônia, rompe com a família e vai morar na zona boêmia de prostituição de Belo Horizonte, tornando-se a mais cobiçada meretriz da capital mineira.

Livro

Escrita por Glória Perez, e dirigida por Wolf Maya, Maurício Farias e Luciano Sabino, com direção geral de Wolf Maya, Hilda Furacão estreou no dia 27 de Maio de 1998, teve 32 capítulos, e hoje completa 20 anos de sua estreia.



A trama é narrada a partir do ponto de vista de Roberto Drummond (Danton Mello), um jovem idealista ligado à esquerda, que vai viver em Belo Horizonte com seus amigos de infância, passada em Santana dos Ferros. O seminarista Malthus (Rodrigo Santoro), conhecido como "O Santo", que vai para a capital à procura de um convento de dominicanos; e Aramel (Thiago Lacerda), um rapaz muito bonito que pretende aprender inglês, sonhando em um dia ser ator de Hollywood.

Roberto Drummond e Demétrio Barbosa

Os três amigos passam juntos pela experiência de chegar a uma cidade grande, plenos de expectativas, vivenciando as descobertas proporcionadas pela vida na metrópole. Em época de efervescência política, Drummond conhece Hilda em uma missa dançante do Minas Tênis Clube, onde ela ganha o concurso de Miss Verão, a garota do maiô dourado. Além da beleza, Hilda parece possuir algo de diferente, que mobiliza o talento do rapaz para escrever. Drummond logo se torna repórter iniciante do jornal Folha de Minas, responsável por traçar um perfil com a história surpreendente de Hilda.

Hilda Muller

No dia da premiação do concurso, Hilda é pedida em namoro e, logo em seguida, torna-se noiva de Juca (Pedro Brício). Incerta das decisões que a vida lhe levara a tomar, Hilda procura madame Janete (Arlete Salles), uma vidente que lhe assegura que Juca não era o homem da sua vida. Madame Janete também vê no passado de Hilda a morte de um homem apaixonado, o que a jovem confirma. Seu noivo Dalton havia se matado depois que ela se recusou a casar. Hilda ainda ouve da vidente que seu verdadeiro amor só se cumprirá após muito sofrimento, e está relacionado à perda de um sapato seu. O homem que lhe devolvesse esse sapato seria seu grande amor.



Revoltada com o que considerou uma farsa da vidente, Hilda se ocupa com os preparativos do casamento e o enxoval. No dia da cerimônia, entretanto, ela diz ao noivo que não quer se casar, e os dois brigam feio. Ele implora que ela suba ao altar e até propõe que tenha amantes, desde que isso o livre da vergonha pública de ser abandonado no dia de seu casamento. Mas Hilda não volta atrás.

Hilda e Juca

Depois de brigar com a mãe, Bertha (Eliane Giardini), que achava que a filha deveria casar-se de qualquer maneira, Hilda sai de casa sem destino. Acaba parando em frente ao Maravilhoso Hotel, na zona boêmia e de prostituição de Belo Horizonte. Vestida de noiva, desperta a curiosidade de todos.

Desafiando o pesado senso moral e os bons costumes da época, a jovem, cansada da hipocrisia social do meio em que vive, muda radicalmente seu modo de encarar a vida. Fazendo do seu vestido o véu de sua cama, Hilda se torna a mais disputa meretriz da cidade.



Pouco depois, a profecia começa a se cumprir. Após um acidente, Hilda perde um sapato, que é encontrado pelo agora frei, Malthus. Quando descobre quem o achou, passa a assediá-lo. Para escapar à atração que sente pela moça, o frei se inflige punições físicas.

Sapato de Hilda encontrado por Malthus

Aos poucos, Malthus percebe que está apaixonado por Hilda e vê seus planos de se tornar sacerdote irem embora - planos, que na verdade, eram de sua mãe, dona Neném (Zezé Polessa), que o criara para ser dedicado à vida religiosa. Após muito fugir da tentação, Malthus recebe um ultimato de Hilda, que diz estar indo para o Rio de Janeiro e ter comprado duas passagens, marcando a hora da partida de ambos. Incerto de seu futuro, o frei convence-se de que o maior sacrifício Cristo já havia feito em seu lugar e, assim, vê-se livre para viver seu grande amor. Ele liga para Hilda e confirma que partirá junto da amada no horário marcado.

Dona Neném

Malthus e Hilda

No dia combinado, a caminho da estação, Malthus é preso por subversão. Sem saber do ocorrido, Hilda segue viagem para o Rio, sentindo-se abandonada. O desencontro do casal se dá pelos tumultos do dia 1 de abril de 1964 e os inúmeros protestos em função da recém instalada ditadura militar no país.

Hilda

Quatro anos depois os dois se reencontram numa passeata, no Rio de Janeiro. Malthus havia se tornado integrante da igreja progressista e lutava por ideais de justiça social.

O reencontro de Hilda e Malthus

Drummond acaba se casando com Bela Bê (Carolina Kasting), por quem era profundamente apaixonado, e Aramel finalmente consegue fazer um filme, no qual aparece atuando como motorista, abrindo a porta de um automóvel para Marilyn Monroe. Sua viagem para Hollywood é patrocinada por Hilda.

Roberto e Bela Bê

Paralelamente a saga de Hilda, desenvolve-se a história de Gabriela M. (Teresa Seiblitz), uma moça simples e romântica, apaixonada pela voz do locutor de rádio M.C. (Sérgio Loroza). Gabriela sonha conhecê-lo, e passa a trocar cartas com ele, mas inseguro de sua aparência, com medo de que Gabriela não goste dele ao vê-lo pessoalmente, o radialista contrata Aramel para se passar por ele. Gabriela fica ainda mais apaixonada quando conhece Aramel acreditando ser M.C., mas ele também se encanta por ela, e os dois passam a viver uma linda história de amor, que é ameaçada pelo rico e poderoso Tonico Mendes (Stênio Garcia), um coronel que tinha um leopardo como bicho de estimação.

M.C. entrevistando Hilda Furacão na rádio

Gabriela M.

Aramel, o belo

Obcecado por Gabriela e decidido a tê-la de qualquer jeito, o coronel tenta conquistá-la de todas as maneiras, principalmente enchendo-a de presentes. O que ele não imagina é que Aramel, que trabalha para ele, mantém um caso com sua bela morena. O que ambos decidem manter em segredo, por receio do que Tonico é capaz de fazer por ciúmes. Quando descobertos, Aramel e Gabriela fogem para escapar da fúria do coronel. Aramel está disposto a abrir mão de seus sonhos hollywoodianos para viver uma vida simples e tranquila ao lado de Gabriela, mas Tonico Mendes está no encalço dos dois fugitivos e não sossega enquanto não os encontrar. Passando dificuldades, Gabriela decide se entregar para Tonico e aceitar ser sustentada por ele, a história do amor e uma cabana não se sustenta por muito tempo entre os dois. Cansada de fugir e lutar por seu amor contra Tonico, Gabriela transforma-se na amante oficial do coronel, tornando-se uma mulher fina e sofisticada. Aramel fica só e continua fugindo, até conseguir embarcar para Hollywoody como sempre sonhou, com a ajuda de Hilda.

Coronel Tonico Mendes

Outros personagens marcantes de Hilda Furacão foram: dona Loló (Eva Todor), defensora da moral e dos bons costumes, antes amiga da família de Hilda, passa a evitar os pais da jovem quando ela sai de casa e assume a vida fácil na zona boêmia, e torna-se a líder de um movimento contra a messalina. Dessa forma não enxerga o que acontece dentro de sua própria casa, o marido, Sr. Ventura (Rogério Cardoso), frequentador assíduo da zona e do Dancing Montanhês, onde trabalham as moças da vida; e a neta Dorinha (Tatiana Issa), criada pelos avós, que despreza Hilda quando esta passa a viver no Maravilhoso Hotel, mas engravida do amante casado, escandalizando a família, que faz de tudo para abafar o caso.

Dona Loló e Bertha

as primas Dorinha e Bela Bê

Os pitorescos moradores de Santana dos Ferros, cidade natal de Malthus, de gente muito religiosa, regida pelas regras do rígido padre Nelson (Paulo Autran), mentor do atormentado Malthus, que luta com todas as forças para que ele não se entregue à tentação de Hilda Furacão. Em Santana dos Ferros vivem as beatas Çãozinha (Débora Duarte) e Ciana (Walderez de Barros), tias de Roberto, e Fininha (Iara Jamra); o sacristão gay Dindim (Guilheme Karan), que abandona a igreja e vira carnavalesco; a escandalosa dona Nevita (Mara Manzan) com o marido Procópio (Ivan Cândido); e as prostitutas Alice (Thais Tedesco), Alicinha (Yachmin Gazal) e Alição (Marilena Cury).

Padre Nelson, Dindim, Çãozinha, Ciana, Nevita e Procópio

E as colegas de Hilda na zona Boêmia, a romântica prostituta Leonor (Paloma Duarte), que sonha com um casamento; a invejosa e sensual Divinéia (Claudia Alencar), amante de Ventura e de Orlando Bonfim (Chico Diaz); a carismática e divertida Maria Tomba-homem (Rosi Campos); e o temido travesti Cintura Fina (Matheus Naschtergaelle).

Leonor e Hilda

Divinéia e Orlando Bonfim

Maria Tomba-homem



Hilda Furacão foi uma trama cuidadosamente produzida, com extremo capricho. Uma história de amor linda e fascinante, que marcou com um dos casais mais bonitas da televisão, um verdadeiro luxo da nossa teledramaturgia. Inesquecível!



Trilha sonora: Resposta ao Tempo (Nana Caimmy), tema de abertura; You Are My Destiny (Paul Anka); Que Será (Doris Day); Sonhar Contigo (Adilson Ramos); Boneca Cobiçada (Palmeira e Biá); Balada Triste (Agostinho dos Santos); Que Queres Tu De Mim (Altemar Dutra); Nossos Momentos (Elizeth Cardoso); Quem É (Silvinho); Meditação (Maysa); C'est Si Bon (Eartha Kitt); Túnel do Amor (Celly Campello), entre outras pérolas dos anos 50 e 60.

 


Curiosidade:

- A Globo comprou os direitos do livro Hilda Furacão, de Roberto Drummond, na época de seu lançamento, em 1991. A ideia era adaptá-lo já no ano seguinte, 1992. Alguns atores cogitados pelo próprio autor da obra naquele momento foram, José Mayer e Letícia Sabatella ou Lúcia Veríssimo para os papeis principais da história, o frei Malthus e a personagem-título Hilda.

- Quando a minissérie começou a tomar corpo em 1997, Cláudia Abreu e Letícia Spiller foram as primeiras atrizes pensadas para viver a personagem-título de Hilda Furacão. Marcello Novaes e Maurício Mattar quase fizeram o frei Malthus, enquanto Cláudia Jimenez e Diogo Vilela eram nomes certos para os papeis de Maria Tomba-homem e Cintura Fina, assim como Floriano Peixoto, que já se preparava para dar vida a Orlando Bonfim.

- Um sucesso que marcava a estreia de Ana Paula Arósio na Globo. A minissérie era uma adaptação do livro de Roberto Drummond, que por sua vez baseara-se na vida real de Hilda Furacão, que ele conhecera nos anos 50. O romance do mineiro Roberto Drummond foi escrito em 1991, em 64 dias, misturando personagens reais e fictícios, em que o próprio autor é incluído na história. Com a minissérie criou-se uma curiosidade sobre o paradeiro de Hilda, que há muito não se ouvia falar.

- Ana Paula Arósio, ainda contratada do SBT, quando as gravações da minissérie tiveram início, foi emprestada pela emissora para a Rede Globo, com a condição de gravar quatro teleteatros antes do término de seu contrato, em maio de 1998. A atriz começou a gravar Hilda em novembro de 1997 e paralelamente gravou os programas para o SBT até fevereiro de 1998. Em maio, quando seu contrato com a emissora de Sílvio Santos chegou ao fim e a minissérie estreou, Ana Paula já estava automaticamente contratada pela Globo.

- A autora criou várias tramas paralelas com ganchos interessantes, o que cativou o telespectador e garantiu a boa audiência. Para reconstituir o clima político no Brasil dos anos 60, a autora Glória Perez contou com relatos de militantes do período, como o ator Mário Lago, que participou do elenco, e o ex-dirigente comunista Apolônio de Carvalho.

- Personagens reais como o travesti Cintura Fina, a prostituta Maria Tomba-Homem, e a própria Hilda Furacão, foram muito bem defendidos por seus intérpretes (Mateus Nachtergaele, Rosi Campos e Ana Paula Arósio).

- Hilda Furacão foi eleita pela APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte) a melhor produção de dramaturgia na TV em 1998. Também rendeu o prêmio de revelação do ano ao ator Matheus Nachtergaele, de melhor ator coadjuvante a Rogério Cardoso, e de melhor diretor a Wolf Maya.
Já Ana Paula Arósio foi premiada com o Troféu Imprensa de revelação na TV em 1998.

- O ator Rodrigo Santoro foi igualmente elogiado pelo público e pela crítica.

- Hilda Furacão sofreu críticas de alguns setores da política. A seção regional do Partido Social Democrático (PSD), no Rio de Janeiro, pediu a suspensão da minissérie no estado. O partido alegava que a veiculação de imagens do Partido Comunista Brasileiro (PCB) feria a legislação eleitoral, porque o eleitor poderia confundir o partido do romance com aquele que participava das eleições presidenciais de 1998. Apesar das críticas, a minissérie não sofreu conseqüências que afastassem sua exibição.

- Numa gravação no dia 6/2/1998, o leopardo que participara de diversas cenas com Stênio Garcia, virou uma fera quando viu o ator levar Priscila Luz para a cama. O animal, provavelmente enciumado, veio por atrás e abocanhou o pescoço da atriz. Priscila teve que ser hospitalizada.

- Em 2002 a minissérie foi lançada em DVD.

- Reprisada de 24/08 a 06/10/2010, na íntegra, no canal Viva (canal de TV por assinatura pertencente à Rede Globo).
E ganhou uma nova reprise no Viva, entre 19/11/2013 e 02/01/2014.

- Em 2009, por ocasião da reprise da novela Senhora do Destino no Vale a Pena Ver de Novo, a Som Livre lançou o CD com os temas instrumentais da novela em questão e da minissérie Hilda Furacão, compostos por Edom Oliveira.

- Hilda Furacão foi vendida para países como Angola, Argentina, Cabo Verde, Chile, Honduras, México, Paraguai, Peru, Portugal, República Dominicana, Rússia e Venezuela. Em 2002, a minissérie foi lançada em DVD.



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