Especial: Manoel Carlos #18



A grande maioria dos noveleiros, em especial os aficionados pelo autor Manoel Carlos, conhecem bem seus trabalhos a partir dos anos 1990, quando retornou à Rede Globo, após um hiato de nove anos em outras emissoras.

Maneco retornou a grade Global às 6 da tarde com a novela Felicidade, em 1991, sua reestreia aconteceu no dia 7 de outubro. Este mês, a história da Helena de Maitê Proença, completou 26 anos de estreia, e no último dia 13, outro grande sucesso do querido novelista também fez aniversário. Por Amor, atualmente em reexibição no canal VIVA, completa 20 anos.




Os aniversários destes dois emblemáticos trabalhos do autor no mesmo mês é o pretexto mais que perfeito para a homenagem de hoje do Lembra de Mim, a Manoel Carlos, que inclusive inspirou o título deste pequeno blog com uma de suas marcantes histórias.



Mas como já comentei, essas obras de sucesso já são bastante conhecidas do público, e esta homenagem pretende abranger a fase "manequiana" pré anos 90. O motivo? Simples: satisfazer a curiosidade desse que vos escreve e daqueles que também tem interesse em saber mais sobre os trabalhos de Maneco antes dos sucessos que todo o noveleiro que se preze já está careca de conhecer.

Manoel Carlos Gonçalves de Almeida, tem 84 anos e nasceu em São Paulo, no dia 14 de março de 1933. O Maneco, como é carinhosamente chamado, é conhecido por retratar em suas histórias a sociedade carioca contemporânea, em especial do bairro Leblon, extraindo com sua escrita sensível a poesia do cotidiano. Mas sua carreira iniciou bem antes de suas deliciosas novelas noventistas. Em 1950, foi um dos pioneiros da televisão brasileira, atuando no Grande Teatro Tupi, da TV Tupi, que ficou no ar por mais de uma década e contava em seu elenco com nomes de destaque como Fernanda Montenegro, Ítalo Rossi, Nathalia Timberg, Fernando Torres, Zilka Salaberry e Claudio Cavalcante. O teleteatro apresentava um repertório com os maiores autores nacionais e estrangeiros, ao todo foram mais de 450 peças apresentadas.

em cena com Fernanda Montenegro

em cena com Márcia Real 

Em 1952 escreveu a primeira adaptação de Helena, romance de Machado de Assis, para a televisão. A novela foi exibida pela TV Paulista e tinha Paulo Goulart no elenco. Também assinou uma novela chamada Nick Chuck (1952).

os atores Jane Batista e Paulo Goulart na primeira adaptação de Helena

Em seguida, na década de 60, Maneco passou a dirigir e produzir programas como a Família Trapo, exibida na Rede Record, Esta Noite Se Improvisa, O Fino da Bossa, com Elis Regina, e a primeira fase do Fantástico, entre 1973 e 1976.

O Fino da Bossa

Aos 44 anos, no final da década de 70, escreveu Maria Maria (1978), e no mesmo ano fez A Sucessora, ambas adaptações literárias e de época. Na primeira, Nívea Maria vivia as sósias Maria Alves e Maria Dusá, e na segunda, Susana Vieira era a mocinha, na pele de Marina. Em 1979, escreveu episódios do seriado que marcou uma época, Malu Mulher, protagonizado por uma de suas atrizes preferidas, Regina Duarte.








Iniciou a década de 80 colaborando com Gilberto Braga na ensolarada Água Viva (1980). Após sua preciosa colaboração na novela de Gilberto, Maneco estreou como titular no horário nobre com Baila Comigo (1981), onde criou a primeira de suas Helenas, vivida magistralmente por Lílian Lemmertz. Ali, Maneco ficou conhecido por um estilo que não abandonou mais, a autopsia dos dramas cotidianos.




Em sua novela seguinte, Sol de Verão (1982), a heroína não era Helena, mas Raquel (Irene Ravache). A despachada protagonista não teve o mesmo nome da maioria das heroínas de Maneco, mas seu espírito era o mesmo. Raquel era uma mulher que decidia se divorciar do marido no dia do aniversário de 15 anos de sua filha Clara (Débora Bloch), o que surpreendia o marido, que acreditava ter o casamento perfeito. Infeliz no matrimônio, Raquel se separa e vai atrás de sua felicidade, encontra-a nos braços do mecânico bronco, Heitor (Jardel Filho). Após a tragédia da morte do protagonista masculino durante a novela, Manoel Carlos afastou-se da trama, Jardel Filho era seu amigo pessoal, e sua morte o deixou extremamente abalado. Sol de Verão foi finalizada por Lauro César Muniz, Gianfrancesco Guarnieri e Paulo Figueiredo.

Heitor e Raquel em Sol de Verão

Dois anos depois, Maneco se transferiu para a Rede Manchete. Na emissora de Adolpho Bloch fez três trabalhos, estreando com a minissérie Viver a Vida (1984), que nada tem a ver com sua novela homônima, de 2009, na Globo. Em Viver a Vida da Manchete, os protagonistas eram Marcelo (Paulo Castelli) e Maria Eduarda (Claudia Magno), casal batizado com os mesmos nomes que Fábio Assunção e Gabriela Duarte, em Por Amor (1997). Ainda em 1984, idealizou e escreveu com o produtor Guga de Oliveira o seriado Joana, praticamente um reboot de Malu Mulher, também protagonizado por Regina Duarte, no papel-título. Devido a um desentendimento de Guga de Oliveira com a Manchete, a segunda temporada de Joana foi exibida pelo SBT, em 1985. O último trabalho de Manoel Carlos na emissora foi a novela Novo Amor (1986), protagonizada por Renée de Vielmond e Nuno Leal Maia, nos papeis de Fernanda e Bruno.

Maria Eduarda e Marcelo em Viver a Vida
Bruno, Fernanda e o Senador Marco Antônio em Novo Amor




No ano de 1987, o autor escreveu e adaptou alguns de seus trabalhos para o mercado internacional. Entre os textos originais estão a minissérie Una Familia Como Otra Cualquiera e as novelas El Circulo e La Sombra de La Otra. Nos textos adaptados, Manoel reescreveu a minissérie Viver a Vida (Vivir la Vida), Novo Amor (Brilho) e A Sucessora (La Intrusa), todos trabalhos veiculados por TVs colombianas.

Fechando a década de 1980 e seu período fora da Globo, Maneco escreveu uma minissérie na Band, chamada O Cometa, baseada no romance brasileiro Ídolo de Cedro, de Dirceu Borges, publicado em 1965. A história de época se passava nos anos 40 e tinha como protagonistas Carlos Augusto Strazzer e Lúcia Veríssimo, eles eram Habib e Isabel. Exibida em 1989, O Cometa foi escrita junto com seu filho Ricardo de Almeida, morto em 1988. A minissérie demorou um ano para ir ao ar e foi o último trabalho do autor antes de retornar a Vênus Platinada, em 1991, com a linda e delicada Felicidade, e daqui em diante não há quem não conheça nesse País, os sucessos do mestre de textos sensíveis e profundos como Historia de Amor, Laços de Família, Mulheres Apaixonadas... e todas as suas marcantes Helenas.



Atualmente afastado da TV, Manoel Carlos diz-se aposentado das novelas, mas já tem sinopses de minisséries entregues a emissora que o consagrou. Que possamos saborear uma nova obra desse grande cronista do cotidiano novamente, em breve, mas se não tivermos mais essa oportunidade, tudo o que Maneco deixou como legado artístico jamais será esquecido e merece ser revisto muitas e muitas vezes. 


o jovem Manoel Carlos


Outros trabalhos de Manoel Carlos:

Musicais:
Brasil 60, Brasil 61, Brasil 62, Brasil 63 (1960 - 1963)
Bossaudade (1966)
Pra Ver a Banda Passar e Show do Dia (1967)

Programas:
Iaiá Garcia (1958)
Hebe Camargo (1960)
Corte-Rayol Show (1962)
Chico Anysio Show (1963)
Alianças Para o Sucesso (1968)
Globo Gente e Convocação Geral (1973)

Jornalismo:
TV: Ano 25 (1975)




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