30 Anos do Último Capítulo de BREGA & CHIQUE #24




Brega e Chique foi um grande sucesso das 19 horas, escrita por Cassiano Gabus Mendes, que chegou ao fim no dia 6 de Novembro de 1987. A saga da brega Rosemere (Glória Menezes) e da chique Rafaela (Marília Pêra), completa hoje 30 anos de seu último capítulo, e como um clássico das comédias oitentistas do horário das sete, não poderia deixar de ser recordada em grande estilo pelo Lembra de Mim.

Rafaela e Rosemere


Exibida entre 20 de Abril a 7 de Novembro de 1987, com 173 capítulos, Brega e Chique, contou com a colaboração de Luís Carlos Fusco e a direção de Jorge Fernando, Marcelo de Barreto e Carlos Magalhães


As vidas de Rafaela Alavaray e Rosemere da Silva, tão diferentes, mas com algo muito em comum, começam a se transformar quando Herbert Alvaray (Jorge Dória), milionário marido de Rafaela, diante de uma iminente falência, planeja um golpe para sair dessa situação. Ele simula a própria morte, mas sem pensar nas consequências para a família, além da esposa Rafaela, os filhos Ana Cláudia (Patrícia Pillar), Teddy (Tarcísio Filho), Tamyris (Cristina Mullins), o genro Maurício (Tato Gabus) e a sogra Francine (Célia Biar), que subitamente ficam sem nada. Em contrapartida, lembra-se de proteger sua outra família, a amante Rosemere e a filha Márcia Maria (Fabiane Cavalcante). 




Atingindo de maneira adversa suas duas mulheres, o plano de Herbert faz com que Rafaela empobreça, enquanto Rosemere enriquece, ao herdar uma imensa quantia em dólares. As situações mais divertidas e inusitadas acontecem quando Rafaela rica, afetada e quase fútil, precisa lidar com sua nova realidade financeira ao mesmo tempo em que a humilde Rosemere, mulher despachada e popular tem que descobrir como lidar com tanto dinheiro. As duas protagonistas acabam se cruzando em determinado momento e ficam amigas sem imaginar que foram mulheres do mesmo homem.

Na ascensão e queda dessas duas mulheres, uma delas fica mais feliz do que a outra, e é justamente Rafaela, que descobre na pobreza novos encantos e uma nova maneira de ser feliz.

A forte personalidade de Rafaela se revela a partir da queda, sua maior preocupação é manter a família unida depois do baque sofrido. A filha Ana Cláudia é quem precisa de maior apoio, pois pouco antes da "morte" do pai, é abandonada no altar pelo noivo João Antônio (Jayme Periard). Tamyris, casada com Maurício, vê o marido, que acreditava que herdaria uma boa grana do sogro, insatisfeito com a possibilidade de ter que trabalhar para sustentá-la. Assim como Teddy, filho boa vida de Herbert, que terá de reagir a falência da família. O apoio de Rafaela é sua mãe, Francine, sofisticada senhora, que faz o que pode para ajudar a filha, mas sem perder a pose. Tem também a amiga Zilda (Nívea Maria), que está sempre por perto.

Francine, Montenegro, Tamyris, Rafaela, Rosemere e Luís Paulo

Montenegro (Marco Nanini), secretário e cúmplice de Herbert Alvaray, mantém uma paixão platônica pela esposa do patrão, e antes de aceitar totalmente sua nova realidade, Rafaela tenta conquistar Montenegro, que se mostra um amigo leal, ficando ao seu lado após o golpe do marido. Mas ele sofre com as tentativas de sedução por parte de Rafaela, já que Herbert está vivo e ele é o único a saber dessa verdade. Como ceder aos apelos da mulher que tanto deseja e não revelar-lhe o que sabe? Montenegro não é rico, mas tem suas economias e Rafaela vê nele a princípio, sua salvação da falência total. Marília Pêra e Marco Nanini formavam uma dupla hilária na trama.

Montenegro e Rafaela

Ana Cláudia busca sua vingança, quer acabar com o noivo que a deixou no altar. João Antônio foge o quanto pode, mas ao encontrá-lo a ex-noiva enfurecida o coloca sob a mira de um revolver, que falha ao apertar o gatilho, mas ela segue determinada a fazer justiça pela humilhação que passou. Para superar o trauma só um novo amor, Luís Paulo (Marcos Paulo), cara simples, motorista que a levou até a igreja no dia do fatídico casamento. Ele é vizinho de Rosemere e irmão de Silvana (Cássia Kiss), motivo pelo qual João Antônio desistiu de se casar com Ana Cláudia, se apaixonou pela irmã de Luiz Paulo.

João Antônio e Ana Cláudia

Ana Cláudia e Luiz Paulo


Rosemere em sua vida simples, é rodeada pela filha caçula que teve com Herbert, a quem conhecia por Mário Francis, os filhos Vânia (Paula Lavigne) e Amauri (Cacá Barrete), do primeiro casamento, o pai Lourival (Fábio Sabag) e a amiga Mercedes (Patrícia Travassos). Ela desperta o interesse de Amadeo (Hélio Souto) e do marceneiro grosseirão e bronco Baltazar (Denis Carvalho), que é tio do analfabeto e ingênuo Bruno (Cássio Gabus Mendes), por quem Mercedes se apaixona e passa a dar aulas de Português. O núcleo Bruno/ Mercedes/ Baltazar era uma das coisas mais engraçadas da novela.

Mercedes e Bruno


Capítulos mais tarde, Herbert reaparece com nova identidade. Após uma cirurgia plástica que o transforma totalmente, ele adota o nome Cláudio Serra (Raul Cortez), e se envolve na vida de suas mulheres sem que elas saibam se tratar dele. O único que sabe de tudo continua sendo apenas Montenegro. Além da verdade sobre todo o golpe planejado por Herbert, Rafaela e Rosemere, apelidadas por ele de Alfa 1 e Alfa 2 respectivamente, ainda precisam lidar com a descoberta de Alfa 3, uma terceira mulher com quem o cafajeste Alvaray mantinha um caso. Alfa 3 é Zilda a "amiga" que sempre esteve ao lado de Rafaela.

Rosemere, Cláudio/Herbert e Rafaela

Zilda


Brega e Chique foi uma novela de grande sucesso, a nona da carreira de Cassiano Gabus Mendes, vindo de trabalhos marcantes como Anjo Mau (1976), Elas Por Elas e Ti Ti Ti (1985). Era uma novela saborosa, que durante seus seis meses de exibição, arrancou elogios da mídia especializada e agradou em cheio os telespectadores. Um dos maiores acertos da trama foi unir Glória Menezes e Marília Pêra em seu casting principal, o que deixou tudo ainda mais chique e bem pouco brega, afinal, Cassiano sempre foi reconhecido por ser um autor muito elegante em seus roteiros. Até Aguinaldo Silva, autor da trama das oito no mesmo período, O Outro, rendeu-se ao charme irresistível do folhetim das sete. Ao ouvir afirmações de que Brega e Chique dava mais audiência que sua novela, Aguinaldo desmentiu, dizendo que não era verdade (em termos de audiência, O Outro tinha uma pequena vantagem em cima de Brega e Chique), mas que não existia competição entre as duas tramas, ele mesmo quando não podia assistir, colocava para gravar no vídeo-cassete. O fato é que em questão de popularidade e repercussão a trama de Cassiano fazia sim mais sucesso que a de Aguinaldo.


As trilhas sonoras de Brega e Chique foram tão deliciosas quanto a novela. Entre as canções nacionais, Rita Lee embalava o divertido romance de Baltazar e Rosemere com Pega Rapaz; o romantismo de Fábio Jr, tocava para Vânia e Teddy com Sem Peso e Sem Medida; para Rafaela a sofisticada MPB marcava presença com Caetano Veloso cantando Preciso Aprender a Ser Só; o pop irresistível, de Lulu Santos, Um Pro Outro, acompanhava a trajetória da abandonada e vingativa Ana Cláudia; Cowboy Fora da Lei, de Raul Seixas, era o tema perfeito para Bruno; para Zilda, o hit viciante de Lobão, Blá Blá Blá... Eu Te Amo; e para o tema da polêmica abertura a não menos polêmica Ultraje a Rigor entoando Pelado, um marco.



No repertório internacional nada menos que uma trilha especial. Boy George abre o álbum com o tema geral Everything I Own; para a delicada Tamyris, um tema idem, Let's Wait a While cantado por Janet Jackson; a arrasadora Music, de F. R. David, era o tema de Zilda; No Promises, de Ice House, era outro tiro dessa trilha; What Do We Mean To Each Other?, de Sergio Mendes, embalava Silvana; Bruno e Mercedes curtiam sua tumultuada relação ao som de Whitesnake, Is This Love; a absurdamente linda Now And Forever, do Jimmy Cliff, também estava nessa trilha; Somewhere Out There com Linda Ronstadt e James Ingram, tocava para Rosemere; e para Rafaela era o Genesis que soltava a voz com In Too Deep, entre outras pérolas inesquecíveis. 




Desnecessário dizer que Brega e Chique merece muito uma reexibição e que esse que vos escreve espera por isso ansiosamente, mas não custa pedir: reprisa canal VIVA!



Curiosidades:

- Brega e Chique teve como título provisório Caviar e Goiabada.

- Marília Pera e Glória Menezes contracenaram juntas pela primeira vez nesse trabalho.

- Por sua atuação como Rafaela, Marília Pera ganhou o Prêmio APCA de Melhor Atriz de 1987. A novela ganhou o Troféu Imprensa.

- Cassiano costumava ambientar suas novelas todas em São Paulo. Não foi diferente com Brega e Chique, que fazia referências deliciosas ao parque do Ibirapuera e bairros como Santana, Perdizes e Itaim Bibi.

- Foi a primeira novela de Cassiano Gabus Mendes dirigida por Jorge Fernando. Acostumado com as comédias farsescas de Sílvio de Abreu, teve de adaptar-se ao humor mais refinado do autor.

- Foi a primeira novela dos atores Patrícia Travassos, Anderson Muller e Paula Lavigne

- Marcou a volta de Marília Pera a TV após cinco anos afastada do veículo desde a minissérie Quem Ama Não Mata, em 1982, e às novelas, depois de 13 anos, quando protagonizou Super Manoela, em 1974.

- Em 2012, foi cogitado o remake de Brega e Chique pela Globo, a ser exibido em 2015, a trama deveria ser adaptada por Maria Adelaide Amaral e Vincent Villari, também responsáveis pelas segundas versões de Anjo Mau (1997) e Ti Ti Ti (2010). Infelizmente o projeto não saiu do papel.

- O bumbum do modelo Vinícius Mane foi censurado na abertura da novela por dois dias com uma folha de parreira eletrônica, depois os censores voltaram atrás e liberaram a bundinha de Vinícius por toda a novela.

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