Há 23 Anos Estreava o Remake de IRMÃOS CORAGEM #34



Abrindo as comemorações de seus 30 anos, no dia 2 de Janeiro de 1995, a Rede Globo levou ao ar o primeira capítulo da segunda versão de um clássico da teledramaturgia brasileira. Há exatos 23 anos, estreava as 18 horas, o remake de Irmãos Coragem, obra de Janete Clair, reescrita por Marcílio Moraes, Margareth Boury e Antônio Mercado, com colaboração de Ferreira Gullar e Lílian Garcia e supervisão de texto de Dias Gomes. A direção ficou a cargo de Luiz Fernando Carvalho, Reynaldo Boury, Carlos Araújo e Ary Coslov, direção geral de Reynaldo Boury.

os autores Marcílio Moraes e Margareth Boury

Dias Gomes

O remake de Irmãos Coragem manteve os elementos da boa dramaturgia, tão bem explorados e desenvolvidos por Janete em seu original, estavam lá amores complicados, a luta do bem contra o mal e aventura. Mantendo sua essência, a novela contava a história de João Coragem (Marcos Palmeira), garimpeiro pobre e honesto da fictícia cidade de Coroado que se apaixona por Lara (Letícia Sabatella), filha única de Pedro Barros (Cláudio Marzo), o grande vilão da trama.

os irmãos Coragem: João, Duda e Jerônimo
João e Diana

A jovem Lara é um dos personagens mais complexos. Extremamente reprimida, ela tem tripla personalidade e, vez por outra, encarna Diana, de caráter introvertido e insubmisso, ou Márcia, meio termo entre as outras. O clima de aparente tolerância entre Pedro Barros e a família Coragem, dona das ricas terras que ele deseja e não consegue comprar, é quebrado quando João encontra no garimpo um valiosíssimo diamante, roubado logo depois.





Inicia-se então uma longa e violenta disputa pela posse da pedra, num cenário em que tragédias e romances se alternam, culminando com a destruição do objeto da cobiça e a loucura do vilão Pedro que, qual o imperador romano Nero, incendeia a cidade. A reboque se desenvolvem as tramas paralelas, em especial aquelas ligadas ao restante da família Coragem.

Pedro Barros

Jerônimo (Ilya São Paulo), o mais impulsivo dos três irmãos, se divide entre a política e o amor da índia Potira (Dira Paes), espécie de irmã de criação e serviçal da casa. Duda (Marcos Winter) é o rapaz do interior que vence na cidade grande como jogador de futebol. Apesar do caso amoroso que mantém com Paula (Rita Guedes), ele se vê obrigado a casar com Ritinha (Gabriela Duarte) depois de desvirginá-la e engravidá-la. Finalmente, Sinhana (Laura Cardoso) faz as vezes da matriarca que mantém a unidade e a dignidade do clã a partir do momento em que seu marido Sebastião (Orlando Vieira) fica incapacitado, depois de um acidente no garimpo.

Jerônimo e Potira

Duda

Sinhana e Sebastião entre Cema e Potira

A vida amorosa dos irmãos Coragem é bem complicada. Jerônimo, confuso pelo amor que sente pela irmã de criação, Potira, divide-se entre assumir sua paixão e a carreira política. Acaba pendendo para a carreira pública e envolve-se com Lídia (Isabela Garcia), filha de Dr. Siqueira (Jonas Bloch), deputado, que ajuda Jerônimo em sua ascensão política até tornar-se prefeito de Coroado. Jerônimo casa-se com Lídia enquanto Potira é cortejada pelo promotor público Rodrigo (Giuseppe Oristânio), homem de bom caráter, aliado da família Coragem contra as atrocidades de Pedro Barros. Já Duda, se casa com Ritinha contra a vontade só para reparar o "erro" de tê-la engravidado, ela está apaixonada pelo jogador, mas ele a princípio, não se conforma com a perda de liberdade da vida de solteiro. Ritinha sofre com a indiferença do marido, mas quando começa a conquistar seu amor tem que lidar com as investidas de Paula em cima do ex-namorado. A periguete não dá sossego e inferniza o casamento dos dois após o nascimento do bebê, que passa a unir mais o casal. Ritinha, que não tem uma boa relação com o pai Maciel (Emiliano Queiroz), médico alcoólatra, que viu a esposa morrer em seus braços, conta com o apoio de Domingas (Via Negromonte), empregada de sua casa que praticamente a criou, antes de casar, e depois de casada é a amiga Carmem (Lílian Valeska) que a ampara nos momentos de crise em seu casamento. Finalmente João, além de ter de lidar com a tripla personalidade de Lara e com o fato de ela ser filha de seu maior inimigo, precisa enfrentar um rival, o inescrupuloso delegado Falcão (Jackson Antunes), também interessado na herdeira de Pedro Barros.

Potira

Lídia

Duda e Ritinha

Paula

A ambição do coronel Pedro Barros e suas artimanhas para conseguir o que deseja não o deixa enxergar os problemas dentro de sua própria casa. A infiel e inconsequente esposa Estela (Eliane Giardini) é leviana e rebela-se contra o jugo do marido, frequentando a mesa de jogo de um clube noturno e mantendo um caso com o capataz Lourenço (Reinaldo Gonzaga). Alheios aos problemas de Lara, os pais deixam-na aos cuidados da tia Dalva (Suzana Faini), irmã de Estela. Ainda tem Juca Cipó (Murilo Benício), empregado e capataz de Pedro, doente mental e filho bastardo do coronel. Juca tem um comportamento infantil, mas pode ser extremamente violento e tem uma obsessão por Cema (Denise Milfont), mulher trabalhadora, companheira fiel e solidária de Braz Canoeiro (Maurício Gonçalves), garimpeiro gente boa, também empregado de Pedro Barros e vítima de suas atrocidades, que acaba aliando-se aos Coragem contra ele. Em certo momento da trama, Cema é violentada por Juca e engravida, instalando-se um dilema entre ela e Braz, atormentado entre aceitar ou não a esposa grávida do filho de outro, fruto de um estupro.

Estela

Juca Cipó

Cema

Ao final, João e Lara terminam juntos e felizes, ela recuperada de seu transtorno de personalidade. Duda e Ritinha também tem seu final feliz. Jerônimo e Potira terminam juntos, mas num final trágico, ambos morrem, num épico desfecho. E a paz volta a reinar em Coroado.

João e Lara



Irmãos Coragem em sua segunda versão, apesar da caprichada produção atualizada em estética e conceito, com cenas de brilho e textura quase barrocos, resultante de uma competente pesquisa de cores e da inspirada direção de Luís Fernando Carvalho, não alcançou o sucesso esperado.

As trilhas de Irmãos Coragem foram divididas em dois discos só com músicas nacionais. No volume 1: A Sombra da Maldade (Cidade Negra), tema de Duda; A Saudade é Uma Estrada Longa (Almir Sater); Amor em Paz  (Rosa Passos); Talismã (Geraldo Azevedo), tema de Diana; Alecrim Dourado (Gabriela Duarte), tema de Ritinha; Benke (Milton Nascimento), tema de Potira; Irmãos Coragem (Milton Nascimento e Leonardo Bretas), tema de abertura, e outros.



No volume 2: Mordida na Maçã (Wando), tema de Jerônimo e Potira; Paisagem na Janela (Elba Ramalho), tema de João e Lara; Pra Sempre Vou Te Amar (Wilson e Soraia); Ninguém é de Ninguém (Tânia Alves), tema de Pedro Barros e Estela; Espelhos D'Água (Dalto); De Tanto Amor (Evinha), tema de Ritinha; Jura (Watusi), e outros.




Curiosidades:

- Originalmente exibida entre 1970 e 1971, Irmãos Coragem teve 328 capítulos, uma das mais longas novelas da TV. A segunda versão contou com 155 capítulos.

- A Globo tinha planos de exibir um remake de Irmãos Coragem anos antes, seria em 1989, após Top Model de Antônio Calmon e Walther Negrão, que seria exibida no horário das seis, sua sucessora seria Pacto de Sangue. Com a mudança de planos, a novela de Calmon e Negrão foi para o horário das sete e Pacto, que estrearia em 1990, antecipada.

- Em um segundo momento, a intenção era que o remake substituísse Mulheres de Areia em 1993 ou O Mapa da Mina, no mesmo ano, mas no horário das sete.

- Os primeiros nomes pensados para o trio de protagonistas foram José Mayer como João Coragem, Maurício Mattar como Duda e Leonardo Vieira como Jerônimo.

- As locações foram em MG.

- Patrícia Pillar foi a primeira atriz convidada a viver Lara / Diana / Márcia

- Primeira novela de Ilya São Paulo, irmão do ator Irving São Paulo.

- Jerônimo Coragem se envolvia com a política e virava Prefeito de Coroado. Na primeira versão da novela Cláudio Cavalcante vivia o personagem, que fez tanto sucesso que acabou sendo super bem votado nas eleições daquele ano.

- Para viver Juca Cipó, o ator Murilo Benício picotou as sobrancelhas e raspou um dente.

- Por sua atuação, Laura Cardoso foi eleita pela APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte), a Melhor Atriz de TV do ano de 1995 dividindo o prêmio com Aracy Balabanian, que ganhou por sua Filomena Ferreto de A Próxima Vítima.

- A direção geral começou com Luiz Fernando Carvalho, famoso por suas tomadas cinematográficas e cuidados estéticos na narrativa audiovisual. Mas o diretor desentendeu-se com a produção. Dias Gomes (supervisor do texto) acusou-o de ter alterado o ritmo e a linguagem da história. Por volta do capítulo 55, Luiz Fernando foi substituído por Reynaldo Boury, que havia trabalhado como diretor de imagem da novela original, em 1970.



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