Especial PORTO DOS MILAGRES, 17 Anos de Estreia #39



No dia 5 de Fevereiro de 2001 estreava na Globo a novela das oito Porto dos Milagres, de Aguinaldo Silva e Ricardo Linhares, com colaboração de Nelson Nadotti, Filipe Miguez, Glória Barreto, Francisco Vieira e Maria Elisa Berredo, sob a direção de Luciano Sabino e Fabrício Mamberti, geral de Roberto Naar e núcleo de Marcos Paulo.

o diretor geral e de núcleo, Marcos Paulo

Porto dos Milagres foi uma livre adaptação de Mar Morto e A Descoberta da América Pelos Turcos, obras do escritor baiano Jorge Amado, e sustentava-se em uma trama política que contrapunha o simplório pescador Guma (Marcos Palmeira), um representante do povo, ao poder exercido pelo inescrupuloso Félix Guerreiro (Antônio Fagundes) e sua ambiciosa mulher, Adma (Cássia Kiss). A história contemporânea transcorre na fictícia cidade de Porto dos Milagres, localizada na região do Recôncavo Baiano e formada por duas classes sociais distintas: a burguesia porto-milagrense com suas famílias tradicionais, instaladas na parte alta da cidade, e os moradores pobres do cais do porto, habitantes da parte baixa. A base da economia local é a pesca, mas a cidade é também uma das entradas de contrabando do país. A mitologia e a religiosidade estão presentes na trama através da figura de Iemanjá, a "rainha do mar", a padroeira de Porto dos Milagres e que, de forma fantástica, exerce influência na vida dos habitantes. Como outras histórias de Aguinaldo Silva e Ricardo Linhares, a novela tem muitas cenas de realismo fantástico.




Félix e Adma são vigaristas que vivem foragidos na Espanha, desde que Félix vendeu ilegalmente parte das terras do pai, deixadas como herança para ele e seu irmão gêmeo Bartolomeu (Antônio Fagundes). Durante uma fuga, após aplicar mais um de seus golpes, Félix encontra uma cigana,  que profetiza que ele vai atravessar o mar e ser rei. Ele e Adma concluem que tal profecia só pode se concretizar no Brasil e decidem voltar ao país. Quando chegam a Porto dos Milagres, descobrem que Bartolomeu se transformou no homem mais poderoso da cidade. Adma, então, envenena o cunhado à revelia do marido, e Félix assume o lugar do irmão. O que os dois ignoram é que Bartolomeu tem um herdeiro. Ele teve um filho com a prostituta Arlete (Letícia Sabatella), que procura Félix para lhe apresentar o menino. Adma recebe Arlete e, sem contar nada ao marido, manda o capataz Eriberto (José de Abreu) matar a prostituta e seu filho. Eriberto vira o braço direito de Adma, por quem é apaixonado, e a mando dela, mata outras pessoas ao longo da trama.










Eriberto leva Arlete e o menino para alto-mar, mas antes que possa fazer alguma coisa, a mãe coloca o cesto com o bebê na água e se atira. Uma forte onda faz com que o cesto navegue nas águas revoltas, protegido por forças sobrenaturais, sendo guiado até outro barco. Nesta embarcação, estão o pescador Frederico (Maurício Mattar) e sua esposa Eulália (Cristiana Oliveira), que está prestes a dar à luz. Frederico é um dos pescadores que, para melhorar o sustento da família, está envolvido nos negócios de contrabando de Bartolomeu. O filho de Eulália nasce morto, e Frederico, ao ver o cesto e ouvir o choro da criança, pega o bebê e mostra à mulher, como se ele fosse seu filho. Eulália diz que ele vai se chamar Gumercindo e morre em seguida. Desolado, Frederico promete o menino a Iemanjá, assim como Arlete já fizera, e é dessa forma que o filho de Bartolomeu, herdeiro legítimo de sua fortuna, vai parar na comunidade de pescadores. Anos depois, Frederico entra no mar para tentar salvar o irmão, o pescador Francisco (Tonico Pereira), e desaparece. Gumercindo acaba sendo criado por Francisco e a mulher, Rita (Joana Fomm). Conhecido como Guma, e ignorando sua verdadeira origem, ele se transforma em um líder respeitado na Cidade Baixa.

Arlete

Frederico e Eulália

Outra história que remonta ao passado é a da menina Lívia (Flávia Alessandra), sobrinha de Augusta Eugênia Proença de Assunção (Arlete Salles), a mulher mais influente da alta sociedade de Porto dos Milagres. Lívia é filha de Laura (Carolina Kasting), que abriu mão do dinheiro da família para viver com o pescador Leôncio (Tuca Andrada). Augusta Eugênia nunca se conformou com a escolha da irmã e acabou provocando, indiretamente, a morte de Laura e seu marido, ao denunciar o cunhado à polícia por fazer contrabando. Ao saber do plano para prejudicar Leôncio, Laura foi atrás dele, e o casal morreu em uma explosão do barco, após uma perseguição policial. Lívia foi criada no Rio de Janeiro por Leontina (Louise Cardoso), outra irmã de Laura. A moça volta a Porto dos Milagres em companhia do namorado Alexandre (Leonardo Brício), filho de Adma e Félix. Na Bahia, ela conhece Guma, e os dois se apaixonam, mas encontram muitas dificuldades de concretizar esse amor, pois pertencem a mundos diferentes. Além de enfrentarem a hostilidade de Alexandre, que não se conforma em perder Lívia para Guma, e também de Augusta Eugênia, que quer ver a sobrinha casada com o herdeiro de Félix, os dois têm que lidar com as armações da sedutora Esmeralda (Camila Pitanga), moça da cidade baixa, apaixonada pelo pescador.

Esmeralda, Guma e Lívia

Uma das personagens de destaque de Porto dos Milagres, e cuja história se relaciona à trama principal, é Rosa Palmeirão (Luíza Tomé), irmã de Arlete e Cecília (Luíza Curvo). Na primeira fase da novela, no dia de seu casamento com Otacílio (Eduardo Galvão), ela é condenada a 20 anos de prisão pelo assassinato do coronel Jurandir de Freitas (Reginaldo Farias). A moça mata o coronel porque ele violentou sua irmã Cecília, que se mata logo após o ato. Rosa deixa a cadeia na segunda fase da novela, quando sua valentia já a transformou em uma lendária personagem de cordel. Ela volta a cidade disposta a descobrir o paradeiro do filho de Arlete, abre um bordel e lá conhece e se apaixona por Félix, sem saber de seu envolvimento no desaparecimento da irmã e do sobrinho.

Félix Guerreiro e Rosa Palmeirão

A segunda fase de Porto dos Milagres traz novos personagens. Otacílio Ferraço, ex-noivo de Rosa, antes um romântico e sonhador estudante de Direito, que tentou tirar a noiva da prisão e prometeu esperá-la, torna-se um respeitado advogado, que defende os interesses de Félix. Casado com a perua Amapola (Zezé Polessa) e pai de Alfredo Henrique (Miguel Thiré) e Ana Beatriz (Camila Faria), ele alimenta um certo alpinismo social. Amapola adora grifes e balangandãs, assim como cultivar o corpo à base de muita ginástica. Seu problema é o exagero e a falta de senso: mistura cores e cortes de cabelo, criando um estilo bem particular. Sonha em construir uma casa à beira-mar e ser dona da primeira Ferrari da região. É tida como fútil e desligada mas, no fundo, é uma mulher muito inteligente e pragmática. Alfredo Henrique tem dificuldades para estudar, e não tem a menor preocupação com o futuro. O namoro proibido com Luíza (Bárbara Borges), leva-o a várias atitudes pelo bem de sua amada. Dulce (Paloma Duarte), irmã de Otacílio, é uma mulher antenada com o progresso, atenta às mudanças sociais. Professora por idealismo, acredita em sua profissão e faz dela um instrumento de luta social. Mora na casa do irmão, e esconde um amor inconfesso pelo Dr. Rodrigo (Kadu Moliterno), de quem se tornou amiga. É também amiga e confidente de Lívia.

Amapola, Alfredo Henrique e o fiel mordomo Venâncio

Dulce e Rodrigo

A família Pereira é composta por Deodato (Flávio Galvão), a esposa Epifânia (Cláudia Alencar), e as filhas Genésia (Júlia Lemmertz) e Socorrinho (Mônica Carvalho). Deodato é irmão de Eriberto, mas diferente dele é um sujeito tranquilo e sossegado, dono de uma loja de ferragens na cidade. Gosta da vida boêmia e conta com a ajuda da mulher na loja. Epifânia é uma matriarca bonitona, cheia de amor e desejo. Disciplinadora, exigente, boa administradora. Passa o dia na loja do marido, mas ainda arruma tempo para cuidar das filhas com rédea curta. Não dispensa uma boa piada e está sempre brigando com a filha mais velha por causa de seu mau-humor. Genésia, é a mais velha, sempre mau-humorado, parece mais velha do que realmente é. Tem o autoritarismo da mãe, mas não a simpatia. Usa roupas largas de cores neutras, e seus óculos mais parecem uma máscara de proteção de seus segredos. Obcecada por limpeza, vive fazendo faxina na casa - uma metáfora para o seu desgosto pelo que considera indecente. Longe de todos, vive suas próprias fantasias e uma realidade que ninguém conhece. Não dá chances a nenhum pretendente, nem mesmo a Rodolfo Augusto (Marcelo Serrado), quando este aparece em sua casa a pedido do pai. Tudo muda quando sua essência começa a aflorar e sua máscara cai. Envolve-se com Ezequiel (Vladimir Brichta). Socorrinho, a caçula, desde criança é a mais dengosa e formosa das duas meninas, cobiçada pelos rapazes da cidade. Mas se casou com um "banana", Alfeu (Guilherme Piva), por quem não tem o menor respeito, flertando com vários homens pela cidade.

Genésia e Ezequiel

Socorrinho

Francisco e Rita, tios de Guma, que o criaram, são também pais de Luíza, que vive um amor juvenil proibido com Alfredo Henrique, filho de Otacílio e Amapola. Rita vive há anos com Francisco, mas acalenta o sonho de se casar no papel, o que seu companheiro acha uma bobagem. Ela guarda um segredo do marido, que pode acabar com seu casamento, é mãe de Selminha Aluada (Taís Araújo), filha que gerou antes de conhecer Francisco e não teve condições de criar. Selminha é irmã de Rufino (Sergio Menezes), melhor amigo de Guma, e apaixonado por Esmeralda. Jovem, linda e muito atraente, Selminha ganha a vida se prostituindo em um quarto alugado, nos fundos do bar Farol das Estrelas, de propriedade de Seu Babau (Cláudio Correa e Castro), pai de Esmeralda. Um de seus clientes mais assíduos é Eriberto. Quando Rosa Palmeirão chega a cidade e abre o Centro de Lazer Noturno, Selminha vai trabalhar para ela. Apesar da vida exposta, Selminha não deixa de ter seus sonhos e, romântica, espera por um príncipe encantado. Envolve-se com Rodolfo Augusto, filho de Augusta Eugênia, e o tem como cliente fixo no bordel, mas é nos braços de Alfeu, marido da fogosa Socorrinho, que encontra o verdadeiro amor. Quando Socorrinho abandona o marido e torna-se uma das meninas do Centro de Lazer Noturno, agora comandado por Rodolfo Augusto, Selminha larga a "vida fácil" e tem seu final ao feliz ao lado de Alfeu.

Selminha Aluada

Luíza

No decorrer da trama, a família Guerreiro é capaz das piores tramoias e atrocidades para manter o poder. Félix torna-se o prefeito de Porto dos Milagres e a honesta Epifânia sua vice. Adma encarrega-se sempre do trabalho sujo, deixando um rastro de morte durante toda a história. Ao primeiro sinal de ameaça, ela põe em ação seu veneno letal, servindo um refrescante suco de fruta àqueles que atravessam seu caminho. Entre suas vítimas constaram o cunhado, Bartolomeu; a cafetina, Dona Coló (Glória Menezes), para quem Arlete trabalhava, e sabia de toda a história envolvendo o herdeiro de Bartolomeu; a própria Epifânia, que como vice-prefeita descobriu contravenções de Félix na Prefeitura, e as tentativas de envenenar a empregada, Ondina (Natália Thimberg), que prestava serviços para Bartolomeu e continuou na casa após sua morte, cuidando de Alexandre, mas tornou-se alvo de Adma, após descobrir toda a verdade sobre o sumiço de Arlete e Guma, e também o quase assassinato do fiel capanga Eriberto, que trocou a taça de champanhe envenenada pela de Adma, fazendo-a morrer em seu lugar, mas logo em seguida, toma do mesmo veneno para morrer ao lado da mulher que sempre amou.

Félix e Adma





Na reta final de Porto dos Milagres, Félix tenta matar Guma, mas acaba se rendendo ao pescador, implorando que ele salve seu filho Alexandre, que sequestra Lívia e a leva para o alto-mar, disposto a morrer com ela. Guma enfrenta as águas do mar para salvar o primo e a amada. Os dois são salvos, mas Guma não sobrevive. Esmeralda, então, em um final redentor para a personagem, dá a sua própria vida a Iemanjá para salvar a de Guma. Ela vira mãe de santo, e Guma, salvo, casa-se com Lívia, com quem tem um filho.



Félix se elege governador, mas é morto por Rosa Palmeirão, no dia da cerimônia de sua posse. Após uma curta passagem de tempo, Guma é eleito o novo prefeito da cidade, marcando o início de uma nova era em Porto dos Milagres.



Porto dos Milagres contou com duas trilhas nacionais. Destaques do Volume 1 para as canções: Caminhos do Mar (Gal Costa), tema de abertura; A Lua Que Eu Te Dei (Ivete Sangalo), tema de Dulce e Rodrigo; Entre o Céu e o Mar (Elba Ramalho), tema de Lívia e Guma; O Bem do Mar (Dorival Caymmi), tema geral; Sob Medida (Fafá de Belém), tema de Adma; Fofura (Uai Sô), tema de Deodato e Epifânia, entre outras.



No Volume 2, os destaques foram: Feliz (Leila Pinheiro), tema de Lívia e Guma; Usted Se Me Llevó La Vida (Alexandre Pires), tema de Rosa e Félix; Atração Fatal (Roberta Miranda), tema de Genésia e Ezequiel; Por Enquanto (Cássia Eller), tema de Alexandre; Saudade de Amor (Nana Caymmi), tema de Adma; Pontos Para Amar (Guilherme Arantes), tema de Selminha Aluada e Rodolfo Augusto; É Doce Morrer no Mar (Dori Caymmi), entre outras.






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