Há 5 Anos Terminava LADO A LADO #42



Com 154 capítulos, Lado a Lado, novela das 18 horas, escrita pelos estreantes João Ximenes Braga e Claudia Lage, que estreou em 10 de Setembro de 2012, chegava ao fim no dia 8 de Março de 2013. Colaboraram com a trama Chico Soares, Douglas Tourinho, Fernando Rebello, Jackie Vellego, Maria Camargo e Nina Crintzs. Gilberto Braga supervisionou a história, dirigida por Cristiano Marques, André Câmara e Noa Bressane. Na direção geral, Vinícius Coimbra e núcleo de Dennis Carvalho. Foi antecedida por Amor Eterno Amor e sucedida por Flor do Caribe.

os autores: João Ximenes Braga e Cláudia Lage

Lado a Lado girava em torno da sólida amizade de Laura (Marjorie Estiano) e Isabel (Camila Pitanga), duas mulheres de classes sociais diferentes, que lutam por seus amores, desejos e independência, no Brasil de 1904. A trama abordava os anseios e dificuldades enfrentados por mulheres em busca de um novo papel na sociedade, além de mostrar a afirmação dos negros e de sua cultura no Brasil após o fim da escravidão. Os acontecimentos históricos do período, como a Revolta da Vacina e a Revolta da Chibata, por exemplo, servem como pano de fundo dos conflitos vividos pelos personagens, dando um panorama da formação da cidade do Rio de Janeiro, então capital federal, na primeira década após a instauração da República. O nascimento das favelas, o surgimento do samba e a introdução do futebol no país ajudavam a compor o cenário da história.



Laura, filha de ex-barões do café, e Isabel, jovem negra, pobre e trabalhadora, se conhecem na igreja enquanto aguardam seus futuros maridos para subir ao altar. Ali, entre meias confidência, nasce uma amizade genuína entre as duas, que perpassa toda a trama.

Laura e Isabel

Enquanto Isabel esperava ansiosa e feliz pela chegada do noiva Zé Maria (Lázaro Ramos), convicta de que é isso que quer para sua vida, Laura não esconde suas dúvidas e temores diante de um casamento que não deseja: ela vai se casar com Edgar (Thiago Fragoso) contra sua vontade, já que o que gostaria mesmo era estudar e trabalhar para ser independente e, um dia, tornar-se escritora. Desejos que não correspondem ao papel imposto para as mulheres da época e, portanto, incompreendidos pela sociedade.



Laura e Edgar ficaram noivos muito jovens, pouco antes de ele ir para Portugal estudar Direito. Ao longo de quatro anos de separação, já não se amam mais, mas não têm coragem de romper o compromisso, receando magoar um ao outro. Interessada na aproximação de sua família com a família de Edgar, filho de um senador da República, a ex-baronesa Constância (Patrícia Pillar), mãe de Laura, fez o que pôde para mante esse noivado, como enviar poemas e presentes para o rapaz como se fosse Laura. Os jovens se casam sem amor, mas vão encontrando muitas afinidades até se descobrirem apaixonados.

Laura e Edgar

A felicidade do casal, porém, é interrompida por uma carta da cantora lírica, Catarina (Alessandra Negrini), com quem Edgar viveu um romance em Portugal. Ela conta que os dois tiveram uma filha, Melissa, e que a menina está muito doente. Edgar viaja para Portugal para acudir a menina. Logo após a partida, Laura descobre que está grávida. Abalada e sofrendo muito sem notícias do marido, ela acaba perdendo a criança.

Catarina

Edgar retorna ao Brasil com Catarina e Melissa, para que a filha tenha assistência paterna. Catarina trama vários planos para separar o ex-amante de Laura, levantando suspeita sobre a fidelidade dele. Laura pede o divórcio, um escândalo para a época, e vai embora do Rio de Janeiro, voltando à cidade seis anos depois. Por coincidência, ela se torna professora na escola de Melissa (Eliz David), que se tornou uma criança frágil, que inspira cuidados. Laura se afeiçoa à menina, sem saber que ela é filha de Edgar. Quando os dois se reencontram, percebem que ainda se amam. Laura, no entanto, em nome da sua independência, não quer voltar a morar com o ex-marido no momento.

Melissa

O divórcio de Edgar e Laura se torna público depois que ela volta à cidade, e Laura perde o emprego de professora. Com o tempo, passa a atuar como jornalista, escrevendo com o pseudônimo de Paulo Lima. Paralelamente, Edgar exerce a mesma atividade, e também assina seus artigos e reportagens com outro nome. Um admira os artigos um do outro, sem desconfiar dos nomes falsos. Quando Laura descobre que Edgar é o autor dos textos que tanto a fascinam, os dois superam a crise, revogam o pedido de divórcio e voltam a viver juntos.

Depois de cometer várias maldades, Catarina, que se envolvera com Fernando (Caio Blat), o irmão inescrupuloso de Edgar, é presa no fim da trama. A polícia descobre que ela é a responsável pelo incêndio criminoso que atingiu a escola do morro da Providência e que colocou sua própria filha em perigo.

Catarina e Fernando

Isabel é negra, filha de um ex-escravo, o barbeiro Afonso (Milton Gonçalves). Trabalha desde os 14 anos na casa de Madame Besançon (Beatriz Segall), que a ensinou a falar francês, e mora com o pai em um cortiço, núcleo dos personagens pobres da novela. Zé Maria também é um dos moradores do local. Homem íntegro e justo, trabalha com Seu Afonso na barbearia, sendo conhecido como Zé Navalha. Ele não hesita em defender seus direitos, especialmente em uma sociedade extremamente preconceituosa com os negros.

Zé Maria e Isabel

A ficção reconstituiu a realidade ao encenar o "bota abaixo", quando inúmeros cortiços foram demolidos por ordem do prefeito Pereira Passos para a execução de um plano de reforma do espaço urbano da então capital federal. No dia do casamento, Zé Maria se envolve em um confronto com policiais para defender os moradores do cortiço onde mora, e é levado preso, com o agravante de ter usado a capoeira, prática proibida na época, para enfrentar a polícia.

Morro da Providência

Zé Maria é exímio capoeirista mas não pratica em prejuízo de ninguém, apenas como manifestação genuína de sua cultura. Como a capoeira está associada à bandidagem, ele é mantido preso. Sem notícias do que pode ter acontecido com o noivo, Isabel volta para casa desolada, e tem mais um dissabor ao descobrir que ela e o pai, assim como vários moradores, não tem mais casa. Todos vão morar no morro da Providência, no centro do Rio, a primeira favela surgida na cidade.

Certa de que Zé Maria a abandonou, Isabel é seduzida por Albertinho (Rafael Cardoso), filho de Constância, com quem tem sua primeira noite de amor. Quando Zé sai da cadeia e vai à procura de sua amada, descobre que ela está esperando um filho, e rompe a relação. Isabel também é rejeitada pelo pai, que não aceita a desonra da filha.

Albertinho

Meses se passam e Isabel dá à luz o filho de Albertinho. Constância, que nunca aprovou essa história, arma um plano para que a moça pense que seu filho nasceu morto. Sofrendo muito, Isabel decide embarcar para a França, onde se torna uma dançarina bem-sucedida. Elias (Cauê Campos), seu filho, é criado no morro da Providência, perto do avô, sem que ninguém saiba que é o filho de Isabel. Já Zé Maria, para esquecer Isabel, alista-se na Marinha do Brasil, tendo atuação relevante na Revolta da Chibata.
Elias

De volta ao Brasil, com uma bem-sucedida carreira de dançarina na Europa, Isabel reencontra Zé Maria, e os dois retomam o romance. Isabel brilha no palco do Teatro Alheira com seu show de samba, mas Zé, desempregado, sente-se diminuído, e incomodado com o sucesso da amada. Quando consegue emprego num jornal, ele pede Isabel em casamento.

A essa altura, Isabel descobre que seu filho está vivo. Sabendo que terá de se aproximar de Albertinho, o pai do menino, ela rompe o noivado com Zé Maria, para poupá-lo do incômodo de ter que conviver com o janota. Zé Maria inicia um romance com a médica Fátima (Juliana Knust), enquanto Isabel tenta conquistar o filho que, a essa altura, já foi envenenado por Constância contra ela. A refinada avó de Elias se afeiçoa de verdade ao menino, ainda que continue preconceituosa em ralação ao negros, e tenta fazer com que ele rejeite a mãe.



No final da trama, Zé Maria e Isabel e casam em uma cerimônia no morro da Providência. Albertinho, por sua vez, após deixar-se conduzir pela mãe durante toda a trama, pede perdão a Elias por tê-lo rejeitado como filho, arruma um emprego e reconstrói sua vida.

Afonso e Edgar no casamento de Isabel e Zé Maria

A ex-baronesa Constância, casada com Assunção (Werner Schunemann), é uma mãe dominadora que sufoca a filha Laura e mima o filho Albertinho. Ela passa por cima dos sentimentos de todos em prol do que considera melhor para sua família. Não aceita o jeito "revolucionário" da filha, por exemplo, não vendo com bons olhos que a jovem, recém-formada no curso normal, goste de dar aulas. Ela quer ver Laura casada com Edgar, para recuperar o status social de sua família, que um dia viveu o apogeu do café. Além da perda do título de nobreza, a família experimenta a decadência financeira.

Constância

A escravidão chegou ao fim, mas para Constância negros e brancos não podem conviver como iguais. Preconceituosa, ela não permite que Laura tenha amizade com Isabel. Ao longo da trama, Constância tem vários embates com Isabel, que transformou em uma inimiga.

Constância também não dá trégua para Laura, a ponto de internar a filha num sanatório. A vilã descobre que Laura é o jornalista Paulo Lima, e que ela vai escrever uma matéria sobre corrupção no judiciário, denunciando como um dos beneficiários do esquema o promotor que decidirá se Constância será acusada no caso do sequestro do filho de Isabel quando ele nasceu. Constância havia subornado o promotor. Durante uma discussão na rua, Laura é atropelada, e a mãe a interna, para que a verdade não seja revelada.



Depois que todas as suas maldades vêm à tona e que Assunção descobre seu caso amoroso com o jovem Umberto (Klebber Toledo), amigo de seu filho, Albertinho, Constância termina pobre e solitária. O marido manda-a viver em uma fazenda longínqua, sem dinheiro algum, distante de todo glamour a que estava acostumada.

Constância e Umberto

Assunção e Constância

Outros personagens importantes de Lado a Lado são o Senador Bonifácio, Berenice e Caniço e os que fazem parte do núcleo do Teatro Alheira.

Com o fim da Monarquia e a chegada da República, a cidade do Rio de Janeiro passa por grandes transformações, o senador Bonifácio (Cássio Gabus Mendes), pai de Edgar e empresário de sucesso, tenta tirar o melhor proveito do novo regime. Ele se beneficia da modernização da cidade, entrando como sócio em uma companhia de bondes ou negociando terrenos que comprou no passado, por um valor irrisório, da família de Constância, de quem não hesita em tirar vantagem. Disposto a se dedicar mais à carreira política, o senador que ver Edgar, , seu primogênito, assumindo os negócios da família. Fernando, o filho mais novo, não tem o menor interesse por trabalho ou estudos, e sua única vocação é o futebol, esporte que está sendo introduzido no Brasil. O ardiloso senador é casado com Margarida (Bia Seidl), mas tem várias amantes. No decorrer da trama, vem à tona que Fernando é filho bastardo dele com uma escrava alforriada.

Margarida e Bonifácio

Berenice (Sheron Menezzes) sempre invejou Isabel, cobiçando tudo o que a outra tinha, desde sua beleza até o amor de Zé Maria. Ao longa da história, ela arma mil ardis para atrapalhar a vida de Isabel. Inclusive, aliar-se a Constância para roubar o filho da dançarina. Ela se envolve com Caniço (Marcelo Mello Jr), mas sonha com ascensão, passando a ter um caso com o senador Bonifácio. No fim da trama, morre ao cair de um barranco na favela. enquanto disputava com a irmã, Zenaide (Ana Carbatti), a posse de joias que havia ganho do senador.

Berenice e Caniço

Caniço é amigo de Zé Maria e capoeirista como ele, mas percorre um caminho oposto ao do protagonista ao longo da história. Ele se torna um bandido, que usa a capoeira para causas nada nobres. A determinada altura da trama, Caniço passa a trabalhar para o senador Bonifácio Vieira, que após passar para a oposição, se envolve em uma conspiração para derrubar o governo, remunerando os capoeiras para se infiltrar e promover arruaças nas manifestações de rua, como a Revolta da Vacina, retratada na novela. Zé Maria descobre a real motivação de Caniço em participar do movimento, e torna pública a armação do senador, que fica com sua reputação abalada. Após lutarem capoeira juntos para defender o povo, Zé Maria e Caniço viram inimigos e passam a se enfrentar. No final da escola, Zé Maria ajuda o delegado Praxedes (Guilherme Piva) a prender Caniço, que vinha usando crianças do morro como cúmplices no roubo de joalherias da cidade.

delegado Praxedes

No núcleo do Teatro Alheira, o sonho de Mário Cavalcanti (Paulo Betti) de ter seu próprio teatro, se concretiza na rua do Ouvidor, centro cultural e econômico da capital da República. O Teatro Alheira vira o palco onde Diva Celeste (Maria Padilha), famosa atriz cômica, passa a brilhar novamente. Ela é disputada por Mário e Frederico (Tuca Andrada), o galã da companhia teatral. O núcleo fica ainda mais agitado com as peripécias do contrarregra Quequé (Álamo Facó) e da camareira Neusinha (Maria Clara Gueiros), cuja ambição é tomar o lugar de Diva e tornar-s a estrela do Alheira.

Diva e Luciano

Mário e Frederico

Diva é mãe de Luciano (André Arteche), que pensa que seu pai é Mário. No final da trama, porém, ele descobre que é filho de Frederico. No passado, Diva se envolveu com os dois e, após perceber que era Mário quem amava, ficou com ele. A essa altura, porém, estava grávida de Frederico, e escondeu o segredo. A atriz é perdoada por todos, que terminam juntos e felizes, unidos como grandes amigos.

delegado Praxedes, Quequé, Mário, Diva, Neusinha, Frederico e Luciano

Os casais protagonistas, Isabel e Zé Maria, e Laura e Edgar, terminam juntos e felizes celebrando o amor, as conquistas e a amizade.




Lado a Lado foi uma novela caprichada, com um contexto histórico envolvente, e texto inspirado e primoroso dos estreantes João Ximenes Braga e Cláudia Lage, uma produção esmerada, que tornou-se uma pérola exibida às seis da tarde.



Dividida em dois álbuns, nacional e instrumental, Lado a Lado foi embalada por belas canções, como Grande Amor (Martinho da Vila), tema de Diva; De Onde Vem a Calma (Los Hermanos), tema de Albertinho; Namora Comigo (Mart'nália), tema de Isabel e Zé Maria; Sei (Nando Reis e Os Infernais), tema de Laura e Edgar; Liberdade, Liberdade, Abra as Asas Sobre Nós (Dominguinhos do Estácio), tema de abertura; O Mundo é Um Moinho (Beth Carvalho), tema de Isabel; Me Deixa em Paz (Milton Nascimento e Alaíde), tema de Isabel e Zé Maria; Olhos Castanhos (Daniel Peixoto), tema de Berenice, e outros.





Curiosidades:

- Lado a Lado foi a vencedora do Prêmio Emmy 2013, concorrendo, entre outras produções, com Avenida Brasil, de João Emanuel Carneiro.

- Antes de assinarem uma parceria solo, os autores João Ximenes Braga e Cláudia Lage colaboraram em novelas de outros autores. Ele escreveu com Gilberto Braga e Ricardo Linhares Paraíso Tropical (2007) e Insensato Coração (2011), e ela colaborou com Manoel Carlos, em Viver a Vida (2009), todas às 21 horas.

- Prejudicada pelo Horário Político e o Horário de Verão, Lado a Lado amargou baixa audiência em torno de 18 pontos. Apesar da produção requintada e o elenco afiado, não conseguiu alcançar a média de suas antecessoras, que alcançaram médias de 22 e 26 pontos.

- Patrícia Pillar brilhou mais uma vez com sua Constância, a grande vilã da trama. Mesmo sem ter feito nenhuma outra novela após o fenômeno Flora, de A Favorita (2008), a atriz conseguiu diferenciar bem uma maldosa da outra. Outros destaques do elenco ficaram por conta de Marjorie Estiano, Camila Pitanga, Caio Blat, Milton Gonçalves, Christiana Guinle (irmã má e cúmplice de Constância), Isabela Garcia (irmã boazinha de Constância), Débora Duarte e o novato Álamo Facó. 

- O belíssimo figurino era Belle Époque e a inspiração veio do Impressionismo, de nomes como Boldini e Renois, como explicou a figurinista Beth Filipecki: "Todo esse trabalho é feito por equipe que vem da Escola de Belas Artes. Nós pigmentamos chapéus, roupas, sobressaias e elementos decorativos para que tudo tenha esse sentido de beleza etérea, celestial.

- Profissionais de esportes, capoeira, dança e música prepararam o elenco e 700 figurantes. O ator Daniel Dalcin teve aulas de críquete. Para as cenas de futebol, Rafael Cardoso, Caio Blat e Klebber Toledo também tiveram aulas. Já os atores Marcelo Mello Jr, Milton Gonçalves, Camila Pitanga, Zezé Barbosa e Tião D'Ávila tiveram aulas de samba com o professor Jaime Arouxa, em sua academia no Rio de Janeiro.

- Primeira novela dos atores George Sauma, Juliane Araújo, Rhaisa Batista e Rui Ricardo Diaz

- Novo Tempo foi o título provisório de Lado a Lado, que por sua vez, foi o título provisório de Insensato Coração, novela anterior de João Ximenes como colaborador.


Comentários

  1. Uma das MELHORES novelas das 18 e a última que vi do início ao fim. Patrícia, Marjorie e Camila ARRASARAM!!!

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