Há 24 Anos Estreava a Minissérie MEMORIAL DE MARIA MOURA #55



A escritora Rachel de Queiroz publicou a obra Memorial de Maria Moura em 1992. Dois anos depois, a Rede Globo levou ao ar a adaptação do romance em formato de minissérie. Com 19 capítulos, Memorial de Maria Moura estreou em 17 de Maio de 1994, ficando no ar até 17 de Junho do mesmo ano, completando hoje 24 anos de estreia. A obra foi transportada para a TV por Jorge Furtado e Carlos Gerbase, com colaboração de Glênio Póvoas e Renato Campão. Direção de Denise Saraceni, Mauro Mendonça Filho e Roberto Farias. Carlos Manga assumiu a direção artística.

Livro

o autor Jorge Furtado

A minissérie apresentou a saga de uma mulher contra a submissão feminina na sociedade patriarcal do século XIX. Maria Moura (Glória Pires) tem um histórico familiar doloroso: perde o pai na infância e, aos 17 anos, encontra a mãe (Bete Mendes) morta em casa, pendurada no teto pelo pescoço, como se tivesse se suicidado. A jovem, no entanto, tem certeza de que se trata de assassinato. O provável autor é seu padrasto, que passa a aliciá-la. Para vingar a morte da mãe, Maria seduz o empregado e amigo de infância Jardilino (Lui Mendes) e pede que ele execute o padrasto.

Maria e Jardilino



Imersa na violência e nas disputas de terra tão presentes em seu contexto de vida, Maria Moura passa a reagir com igual rivalidade com todos que descumprem suas regras e leis. Protegida por empregados da família, reúne um grupo de pessoas para que a ajude a conquistar a terra herdada do pai. Mas, para isso, precisa impedir a invasão do sítio por seus ardilosos primos Tonho (Ernani Moraes), Irineu (Otávio Muller) e Firma (Zezé Polessa).



O bando de Maria Moura vai aumentando com a adesão de pessoas injustiçadas ou perseguidas, como a prima Marialva (Cristiana Oliveira) e seu companheiro, o malabarista e atirador de facas Valentim (Jackson Antunes).

Valentim e Marialva

Indo contra as regras sociais estabelecidas pelo sistema patriarcal, no qual a submissão feminina é uma constante, a protagonista é capaz de tudo por sua liberdade, sendo cruel com seus adversários e extremamente leal aos que a apoiam. Maria só fraqueja ao se apaixonar pelo sedutor Cirino (Marcos Palmeira), recuperando uma ingenuidade que julgava perdida. Mas ela encomenda a morte do amado ao descobrir que foi traída por ele. Atendendo a um pedido de Maria Moura, Valentim atira uma de suas facas em Cirino.





A minissérie termina com uma batalha: de um lado, o bando liderado por seus primos e Eufrásia (Rosamaria Murtinho); de outro, o de Maria Moura. No dia marcado para o enfrentamento, percebendo que os adversários estavam mais bem-armados, Maria Moura ordena que seu bando permaneça em casa e segue sozinha para cumprir seu destino, pensando em se entregar ou morrer.

Tonho e Irineu

Firma

Eufrásia e Eliseu

Descumprindo suas ordens, Duarte (Chico Diaz), seu fiel seguidor, decide acompanhá-la e lutar ao seu lado. Eles cavalgam na direção dos inimigos e morrem baleados em um final épico.

Maria Moura e Duarte

Dois núcleos coadjuvante se destacaram em Memorial de Maria Moura: o romance de Valentim e Marialva, e a paixão proibida do Padre José Maria (Kadu Moliterno) e Bela (Bia Seidl).

Prima da protagonista, Marialva sofre ao lado dos irmãos Tonho e Irineu, e da cunhada Firma. Ao conhecer e se apaixonar por Valentim, um integrante de circo, vislumbra a possibilidade de escapar do duro convívio familiar. Os dois passam a lutar ao lado de Maria Moura, que trata Marialva como se fosse uma irmã. O amor do casal é um bálsamo em meio a trágica história de Maria Moura. No final, eles tem uma filha, batizada de Raquel.

O padre José Maria se apaixona por Bela, e peca contra a castidade. Mas o romance acaba em tragédia: Bela engravida e é assassinada pelo marido Anacleto (Antônio Grassi). Amargurado, José Maria passa a integrar o bando de Maria Moura.

Bela e José Maria





Curiosidade:

-
Não foi lançada nenhuma trilha sonora da minissérie.

A trama original se desenrolava no sertão nordestino, mas para evitar a extensa repetição da caatinga como locação, o diretor artístico da minissérie, Carlos Manga, optou por situar a história em um Brasil colonial, em Goiás.

Durante 15 dias a cidade de Tiradentes, que serviu como locação para a maior parte das cenas externas, viveu em função das gravações da minissérie. E para que houvesse uma compensação pelo transtorno provocado, a Globo forneceu material para a reforma de algumas igrejas barrocas da cidade.

A escritora Rachel de Queiroz acompanhou e aprovou a adaptação realizada pelos autores da minissérie, que alteraram alguns aspectos da trama literária. No livro, por exemplo, Maria Moura sai vitoriosa da batalha final. Em homenagem à autora, a personagem Marialva tem uma filha, batizada com o nome de Rachel. No livro, no entanto, a personagem engravida de um menino.


- Aos 12 anos, a atriz Cléo Pires, filha de Glória Pires, fez uma participação especial na minissérie como Maria Moura menina. Foi sua primeira aparição na TV.

Memorial de Maria Moura foi um grande sucesso de audiência e alavancou a venda do romance de Rachel de Queiroz, publicado em 1992. Bateu a audiência de Anos Dourados, de 1986, maior ibope de uma minissérie desde então.

- A minissérie foi exibida em diversos países, como Angola, Bolívia, Canadá, Guatemala, Indonésia, Nicarágua, Panamá, Peru, Porto Rico, Portugal, República Dominicana, Uruguai e Venezuela.


- Glória Pires esteve perfeita ao interpretar a protagonista – um de seus melhores trabalhos em TV.

- “A melhor maneira de entender esta série é observando uma árvore.” – afirmou Carlos Manga na época do lançamento.
“É ver como um tronco se divide em outro e em outro, é admirar a ramificação de seus galhos. Todos se juntam e não se consegue perceber as divisões, assim como em Memorial de Maria Moura. Os amores impossíveis, as injustiças sociais, os momentos eróticos, os de sexo sublimado, as violências vividas, enfim, de alguma forma, todas as tramas e personagens remetem à protagonista, passam por ela, causam alguma coisa a ela ou são atingidos por ela. Trata-se de uma história muito forte, centralizada em um personagem riquíssimo, e que envolve cenas densas, tensas, ambientadas em um visual árido, pobre, duro. Situamos a história no centro do país, algo como Goiás, e gravamos em Tiradentes para garantir o tom colonial.”

A produção contratou 200 operários em Tiradentes para ajudar na adaptação dos cenários, que incluía o envelhecimento dos telhados da praça, a construção de fachadas falsas e de paredes de pau-a-pique – para o cenário do Bar do Coruja. Na cidade, instalou-se ainda uma sofisticada ilha de edição.

- Para compensar o transtorno provocado pelas gravações em Tiradentes – exigindo-se até mesmo a retirada de alguns postes de luz da praça principal – a Rede Globo forneceu material para a reforma de algumas das igrejas barrocas da cidade.

- Memorial de Maria Moura recebeu em 1994 o grande prêmio da crítica da APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte). Também rendeu a Zezé Polessa o prêmio de melhor atriz coadjuvante do ano (juntamente com Marieta Severo, pela novela Pátria Minha).

- Zezé Polessa esteve soberba na pele da cruel e asquerosa vilã Firma, um desempenho grandioso e inesquecível da atriz.

- A minissérie foi reapresentada de 28/07 a 14/08/1998. Reprisada também de 28/07 a 23/08/2010, em 19 capítulos, no canal Viva.

- Em 2004 a minissérie foi lançada em DVD.


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