Há 24 Anos Estreava PÁTRIA MINHA #65



Em 18 de Julho de 1994, ia ao ar o primeiro capítulo de Pátria Minha, novela de Gilberto Braga em parceria com Leonor Bassères, Sérgio Marques, Alcides Nogueira e Ângela Carneiro, com direção de Dennis Carvalho, Roberto Naar, Ary Coslov e Alexandre Avancini. Exibida em 203 capítulos, na faixa nobre da TV Globo, foi antecedida por Fera Ferida e sucedida por A Próxima Vítima, completando hoje 24 anos de estreia.

o autor Gilberto Braga

Quatro histórias principais compõem a novela. Em primeiro plano está o confronto entre a jovem, Alice (Cláudia Abreu) e o poderoso empresário, Raul Pelegrini (Tarcísio Meira). Ela é uma estudante idealista, e ele, o dono de um conglomerado de empresas, comprometido com negócios inescrupulosos. A rixa entre os dois tem início quando Alice vê Raul demitir brutalmente seu motorista e, ao sair em disparada com o carro, causar um atropelamento cuja responsabilidade não assume.

Raul Pelegrini

Alice

Num segundo eixo da trama, acompanha-se a relação entre Alice e sua mãe, Natália (Renata Sorrah), mulher batalhadora que decidiu ter e criar a filha sozinha, como uma produção independente. Mãe e filha são muito próximas, Alice encontra em Natália uma amiga com quem pode falar abertamente sobre questões relacionadas a seus namoros. No início da história, Alice namora Nando (Rodrigo Santoro), mas depois se apaixona por Rodrigo (Fábio Assunção).

Alice, Natália e Nando

A terceira vertente de Pátria Minha surge a partir dos questionamentos políticos de Pedro (José Mayer). Ele havia decidido tentar a vida nos Estados Unidos mas, preocupado com a situação de seu país, resolve voltar, enfrentando forte oposição de sua mulher, Ester (Patrícia Pillar). Já no Brasil, Pedro lidera uma revolta contra Raul Pelegrini, que ordena a desocupação de um terreno onde sua família e outros moradores, desabrigados, haviam decidido se instalar. Em sua luta contra Raul, Pedro conta com a ajuda de Alice, que se junta aos moradores no confronto com os encarregados de desocupar a área. Ester e Gustavo (Kadu Moliterno), filho de Raul e Teresa (Eva Wilma), acabam morrendo no confronto.

Pedro

Ester

Gustavo

Por último, a trama destaca a história de Lídia Laport (Vera Fscher), a mãe de Rodrigo, uma socialite falida e ambiciosa, que tem horror a pobreza por ter sido de origem humilde. Valendo-se de estratégias e mentiras, ela consegue separar Teresa de Raul e torna-se a nova Sra. Pelegrini.

Raul e Lídia

Loreta e Teresa

Ao longo da novela descobre-se que Alice, a maior opositora de Raul, é, na verdade, sua neta, fruto de um relacionamento entre Natália e Gustavo. No final da história, Raul Pelegrini vai à falência e, redimido, passa a administrar um pequeno hotel-fazenda em Goiás, ao lado de Cilene (Isadora Ribeiro), seu novo amor e responsável por sua mudança de caráter. Lá, ele recebe a visita de Alice e Rodrigo, que levam o filho, para que Raul conheça o bisneto.

Kenedy, Cilene e Heitor

Alice e Rodrigo com o filho

A trilha sonora nacional de Pátria Minha era um belo repertório de canções da MPB, selecionadas a dedo: A Novidade (Gilberto Gil), tema de Alice; Você (Maria Bethânia), tema de Alice e Rodrigo; Partners (Cássia Eller), tema de Rodrigo; Razão de Viver (Emílio Santiago), tema de Max e Marininha; Debaixo dos Caracóis dos Seus Cabelos (Caetano Veloso), tema de Lídia e Pedro; O Amor Dorme (Paralamas do Sucesso), tema de Nando; Errática (Gal Costa), tema de Natália; Beatriz (Milton Nascimento), tema de Beatriz; Falando de Amor (Edu Lobo), tema de Teresa; Nada a Perder (Danilo Caymmi), tema de Lídia Laport; Haiti (Caetano e Gil), tema do núcleo dos pobres; Imagens (Guido Brunini), tema de Cilene; Onde o Céu Azul é Mais Azul (Felicidade Suzy), tema de Pedro; e outras.



Na trilha internacional, o repertório de Pátria Minha apostou em sucessos pop e baladas românticas que marcaram época: All By Myself  (Sheryl Crow), tema de Alice e Rodrigo; She's Beautiful (Double You), tema de Natália; I'll Make Love To You (Boys II Men), tema de Pedro e Isabel; Games People Play (Inner Circle); Breathe Again (Toni Braxton), tema de Raul e Cilene; Return To Innocence (Enigma); Everybody (DJ Bobo); Mmm Mmm Mmm Mmm (Crash Test Dummies), tema de Heitor; Sweet Dreams (La Bouche); Send In The Clowns (Renato Russo), tema de Max e Marininha; Per Lei (Riccardo Cocciante), tema de Lídia Laport; e outras.




Curiosidades:

- Pátria Minha abordou questões éticas e morais de forma contundente fechando uma trilogia de tramas de Gilberto Braga sobre corrupção, que se completou com Vale Tudo (1988) e O Dono do Mundo (1991).

- Por meio das tramas dos casais Alice e Nando, e, posteriormente, Alice e Rodrigo, a novela tratou de assuntos pertinentes à juventude, como virgindade, primeira experiência sexual, maternidade na adolescência e diálogo entre pais e filhos.

- O preconceito racial também foi posto em debate com a trama que envolvia o empregado negro, Kenedy (Alexandre Moreno), humilhado pelo patrão, Raul Pelegrini. Embora a intenção do autor fosse denunciar o racismo, integrantes do movimento negro não gostaram da cena, criticando o comportamento submisso do rapaz. Em outra sequência, o jovem é duramente revistado em uma blitz enquanto seus amigos brancos, Alice e Rodrigo, são ignorados pelos policiais.

- Em uma cena em que Lídia se levanta no meio da noite para tomar um banho de mar, nua, quem emprestou o corpo para a vilã da história foi Marta Moesch. A modelo já havia sido sua dublê de corpo na minissérie Riacho Doce (1990).

- Pátria Minha foi a estreia de Fábio Assunção em uma novela de Gilberto Braga. O ator chegou a fazer testes para a minissérie Anos Rebeldes (1992), mas perdeu o papel do personagem Edgar para Marcelo Serrado.

- Tarcísio Meira conta que Raul Pelegrini foi um de seus papeis mais difíceis na TV. Ele explica que o personagem o submeteu à duras experiências. O ator diz que sofria com as cenas em que Raul agia de forma preconceituosa contra negros, pobres e mulheres.

- A estreia de Pátria Minha foi anunciada na novela Fera Ferida (1993), de Aguinaldo Silva, sua sucessora no horário. No cinema de Tubiacanga havia um cartaz divulgando a próxima atração das 20h: "Pátria Minha, de Gilberto Braga".

- Antes da estreia já eram conhecidos dois percalços: a novela passaria uma hora mais tarde devido ao horário eleitoral gratuito cedido ao Tribunal Regional Eleitoral; e a súbita gravidez de Carolina Ferraz impediria que ela fosse o vértice no triângulo amoroso com Alice e Rodrigo (Cláudia Abreu e Fábio Assunção). Os autores resolveram manter a atriz até a barriga começar a aparecer. Sua personagem, Beatriz, foi para Roma, e de Portugal chegou uma sobrinha de Teresa (Eva Wilma), Bárbara (Deborah Evelyn), para fechar o triângulo. No final da novela foi escrito o regresso de Beatriz, que teria uma participação na ilibação de Rodrigo de tentativa de assassinato. O regresso não se concretizou e a personagem passou a ser uma antiga aluna de Marininha (Renée de Vielmond), Cláudia (Flávia Alessandra).

Beatriz

Bárbara

- Em uma briga com seu então marido Felipe Camargo, Vera Fisher quebrou o antebraço esquerdo. Os dois atuavam na novela, ela como Lídia Laport, a protagonista, e ele como Inácio, coadjuvante de outro núcleo. O motivo do acidente doméstico seriam ciúmes de Isadora Ribeiro, o par romântico de Felipe na novela. Com Vera afastada, muitas alterações de última hora foram feitas no texto. Lídia, por exemplo, foi colocada às pressas em uma clínica de sonoterapia. A frente de capítulos (número de capítulos entre o que vai para o ar e o que é gravado) de 8 passou para 2. Simone (Lília Cabral) ganhou mais destaque, servindo de elo entre Lídia e os outros personagens.
Vera Fischer voltou à novela, mas não até ao fim. Os seus constantes atrasos, entre outros motivos, levaram à sua demissão, bem como a de Felipe Camargo. Para justificar a saída dos personagens da novela, Lídia e Inácio morreram no incêndio em um hotel. 

- Uma das sequências mais marcantes de Pátria Minha é a que Teresa (Eva Wilma) presencia a morte do filho, Gustavo (Kadu Moliterno), no hospital. Sobre esta gravação, Eva Wilma narrou em sua biografia:
Várias circunstâncias contribuíram para que a fizéssemos tão intensamente bem-feita. Denis [Carvalho, o diretor], o bom amigo de muitos anos, tinha vivenciado a perda de um filho. O momento era delicado. O resultado tão comentado e tão bem sucedido se deu ao nosso ótimo relacionamento (Denis, Kadu e eu), ao fato de ‘Querida Mamãe’ já ter entrado em cartaz [a peça que a atriz fazia na época] e o texto ser primoroso. Eu me sentia com todas as ferramentas afiadas, capaz de mergulhar na mais intensa das emoções.” 

- Fera Ferida, a novela antecessora no horário, foi esticada para que Pátria Minha só estreasse depois do final da Copa de 1994, dos Estados Unidos

- Na cidade cenográfica do Projac, foi notável a reconstituição das favelas nos morros cariocas. Ocupando uma área de 3.500 metros quadrados, a favela tinha 60 casas de alvenaria, com interior. A 500 metros da favela foi construído um luxuoso hotel de quatro andares, também com interiores. Através de computação gráfica, favela e hotel foram ampliados – o prédio chegou aos 11 andares.

- Outro cenário de destaque foi a mansão de Raul Pelegrini, um imóvel de 1850, tombado pelo Patrimônio Histórico Nacional. Localizada em Petrópolis, na região serrana do Rio de Janeiro, a casa tinha 14 quartos e um jardim francês, e, mediante autorização especial, teve suas estrutura e fachada reformadas para a novela. Os interiores da mansão de Raul formavam o maior cenário da novela, ocupando todos os estúdios da Tycoon.

- Quadros de diversos artistas plásticos brasileiros podiam ser vistos em diferentes cenários da novela. O decorador Edgar Moura Brasil foi o responsável por selecionar as obras de Rubens Gerchman, Antônio Dias, Aluísio Carvão, Anna Bella Geiger, Roberto Magalhães, Wanda Pimentel, Victor Arruda, Glauco Rodrigues e Cícero Dias, entre outros.

- A então candidata a atriz Taís Araújo surgia rapidamente entre as várias pessoas no labirinto da abertura de Pátria Minha. Seu primeiro trabalho como atriz foi no ano seguinte, na novela Tocaia Grande, da TV Manchete.

- A Ação da Cidadania Contra a Miséria Pela Vida – campanha iniciada no ano anterior pelo sociólogo Herbert de Souza, o Betinho – era sempre lembrada na novela.

- A atriz Isabel Fillards, que interpretava a personagem Ione, saiu da novela na metade para atuar em A Próxima Vítima, sucessora da novela de Gilberto Braga. Na trama de Sílvio de Abreu, ela interpretou Rosângela.

- Primeira novela dos atores Emílio de Mello, Alexandre Moreno e Cássia Linhares.

- Por sua atuação na novela, Marieta Severo foi eleita pela APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte) a melhor atriz coadjuvante na TV em 1994 (juntamente com Zezé Polessa, pela minissérie Memorial de Maria Moura). E Tarcísio Meira foi premiado com o Troféu Imprensa de melhor ator daquele ano.

- Marieta Severo aliás, junto com Lília Cabral, foram dois ótimos destaques da trama. A ambiciosa e interesseira, Loreta, sobrinha de Raul e a melhor amiga de Lídia, Simone, respectivamente, roubavam a cena em diversos momentos cômicos da novela.



- Título provisório: Pátria Amada

- Pátria Minha foi exibida na Bolívia, Chile, Guatemala, Honduras, Indonésia, Nicarágua, Panamá, Paraguai, Portugal, Rússia, Uruguai, Venezuela, entre outros países.









*Com informações dos sites Memória Globo e Teledramaturgia

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