Há 32 Anos Estreava RODA DE FOGO #67



Escrita por Lauro Cesar Muniz e Marcílio Moraes, com direção de Dennis Carvalho e Ricardo Waddington, Roda de Fogo foi uma novela das 8, que estreou em 25 de Agosto de 1986. Com duração de 179 capítulos, foi antecedida por Selva de Pedra e sucedida por O Outro, completando hoje 32 anos de seu primeiro capítulo.

os autores: Lauro Cesar Muniz e Marcílio Moraes

Ambientada no Rio de Janeiro, Roda de Fogo narra a história de Renato Villar (Tarcísio Meira), um homem que se transforma quando se vê diante da morte. Renato Villar é um empresário bem-sucedido e inescrupuloso, capaz de qualquer coisa por poder. Ele mantém um casamento de aparências com Carolina D'Ávila (Renata Sorrah), uma mulher fria e ambiciosa, que sonha ver o marido na Presidência da República.

Renato e Carolina

Nos capítulos iniciais, um dossiê com irregularidades numa das empresas de Renato é revelado, provocando um escândalo no meio empresarial. A empresa aplicava ilegalmente dinheiro no exterior com a conivência de Benson (Carlos Kroeber), diretor de um poderoso banco. A denúncia é feita pelo empresário Celso Resende (Paulo José), que envia da Europa uma série de documentos para o juiz Marcos Labanca (Paulo Goulart). Celso acaba morrendo misteriosamente. Para sair da enrascada, Renato conta com a ajuda de seu advogado e braço direito Mário Liberato (Cecil Thiré), um profissional corrupto capaz de qualquer artimanha para livrar seus clientes. Outra pessoa que cruza o caminho de Renato é Lúcia Brandão (Bruna Lombardi), juíza que assume o caso do empresário. Enquanto Mário é um advogado corrupto, Lúcia é uma profissional íntegra e de rígidos conceitos morais. Renato pretende subornar a juíza para livrar-se das acusações, mas os dois acabam se apaixonando, e ela passa a viver um grande conflito: como julgar o homem que ama?

Benson

Marcos Labanca

A história dá uma reviravolta quando Renato descobre que tem um tumor no cérebro, que lhe causa fortes dores de cabeça. Ao saber que só tem, no máximo, seis meses de vida, Renato transforma-se inteiramente. No plano pessoal, termina o casamento com Carolina para viver seu amor com Lúcia. No profissional, decide destinar parte dos lucros de sua empresa a uma fundação, e afasta todos os executivos que o traíam do alto escalão de seu grupo financeiro. As atitudes desagradam a família e os sócios, que passam a lutar por sua destruição, liderados pelo advogado Mário e pelo sócio Paulo Costa (Hugo Carvana). Mário Liberato torna-se o grande vilão da história. Em sua luta pelo poder, que envolve uma série de assassinatos, ele conta com a ajuda do criado Jacinto (Cláudio Curi), que foi torturador durante o regime militar.

Celso Rezende

Telma Rezende e Paulo Costa

Mário Liberato e Jacinto

Outro objetivo da vida de Renato é reconquistar o amor do filho Pedro (Felipe Camargo), fruto de uma relação do empresário com a ex-guerrilheira Maura Garcez (Eva Wilma). Maura e Renato tiveram um romance no passado, que resultou na concepção de Pedro, mas os dois não ficaram juntos, pois ela optou pela participação política na esquerda durante os Anos de Chumbo, na década de 1970, enquanto ele construiu sua grande fortuna. Maura foi presa e Renato conseguiu tirá-la do país. Mas seu equilíbrio psicológico foi afetado pelas torturas e sofrimentos na prisão, culminando em sua internação numa clínica na Itália. Ao voltar para o Brasil recuperada, Maura sente a paixão por Renato reacender.

Renato, Maura e Pedro

O filho, Pedro, com a ausência do pai, e em seguida da mãe, exilada, transformou-se em um rapaz revoltado, de temperamento difícil. Ao descobrir sua doença, Renato acena uma aproximação, mas é, a princípio, rejeitado. Renato percorre um longo caminho até conquistar sua confiança. O rapaz foi criado pela avó, Joana (Yara Côrtes), mãe de Maura, que cuidou do neto praticamente sozinha. De origem espanhola, Joana é dona de um bar, é uma mulher emotiva, de personalidade forte e decidida.

Joana e Maura

No núcleo de Lúcia Brandão, profissional bem-sucedida, que trocou a advocacia pela magistratura para fazer prevalecer sua visão extremada da lei e da justiça, estão a irmã, Laís (Lúcia Veríssimo), jovem linda, vaidosa e de personalidade forte, mas diferente da irmã mais velha, é ambiciosa e sonha com os holofotes e uma vida fútil; e o pai, Fernando (Carlos Vergueiro), aposentado, que vive preocupado com as filhas, com as quais mora.

Lúcia Brandão

Laís

Renato e Carolina tem uma filha, Helena (Mayara Magri), estudante de comunicação que mantem um relacionamento difícil com os pais. Ela se envolve com Gilberto (Rodolfo Bottino), um jornalista encarregado de fazer uma matéria sobre o império empresarial de Renato, e quer a todo custo entrevistá-lo. O médico, Dr. Moisés Rodrigues (Nelson Dantas), é quem acompanha a doença do empresário, e fechando seu núcleo familiar tem Antônio Villar (Mário Lago), pai de Renato, homem que saiu do nada e construiu a base de seu sucesso, hoje aposentado, mantem uma ótima relação com o filho.

Helena

Gilberto e Helena

Ainda, os familiares de Carolina: Felipe D'Ávila (Paulo Castelli), sobrinho da esposa de Renato, é diretor de uma das empresas da holding do empresário. Rapaz enérgico e prepotente, namora Laís, mas ela está mais interessada no status que essa relação lhe proporciona. Envolve-se em negociatas do tio e acaba sendo assassinado. Sua irmã, Ana Maria (Isabela Garcia) é uma jovem controlada pelo avô. Balança as estruturas familiares quando se envolve com Pedro, renegado pela família D'Ávila por ser filho bastardo de Renato Villar. E o avô Geraldo Hélio (Percy Aires), tio de Carolina, remanescente do Governo Militar. Homem conservador, reacionário e de moral rígida, faz de tudo para impedir o namoro da neta com Pedro.

Carolina

Felipe

Ana Maria

Outro grande destaque em Roda de Fogo foi o núcleo cômico de Tabaco (Osmar Prado) e suas três mulheres. Motorista de Renato Villar, Tabaco não esconde o orgulho que sente em dirigir a limusine do patrão. Mulherengo, ele namora três mulheres ao mesmo tempo: a sensual Patativa (Cláudia Alencar), a telefonista Bel (Inês Galvão) e a ingênua doméstica dos Villar, Marlene (Carla Daniel). Apaixonado pelas três, o motorista não consegue se decidir por apenas uma. A cena em que Patativa, Bel e Marlene esperam por Tabaco no altar da igreja, vestidas de noiva, foi uma das mais marcantes da novela. O personagem fez tanto sucesso com o público que sua trama cresceu na história.

Tabaco, Patativa, Marlene e Bel

No último capítulo de Roda de Fogo, Renato morre nos braços de Lúcia.

Renato e Lúcia

Embalada por ótimas trilhas, a novela de Lauro Cesar Muniz contou em seu repertório nacional com as canções: Em Flor (Too Young) (Simone), tema de Maura; Você (Os Paralamas do Sucesso), tema de Laís; Você se Esconde (Rádio Táxi), tema de Pedro; Pra Começar (Marina), tema de abertura; Transas (Ritchie), tema de Renato e Lúcia; Alguém (Kiko Zambianchi), tema de Tabaco; Nem Um Toque (Rosana), tema de Helena; Música Urbana (Legião Urbana), tema geral; e outras.



Na trilha internacional, um repertório cheio de hits radiofônicos e baladas românticas: Sweet Freedom (Michael McDonald), tema de Mário; With You All The Way (New Edition); Invisible Touch (Genesis); Colors On My Blues (Reno Scott), tema de Carolina; You Can't Get Out Of My Heart (Mike Francis); tema de Renato e Lúcia; Sledgehammer (Peter Gabriel); Holding Back The Years (Simply Red); Ancora Con Te (Pepino Di Capri), tema de Maura; Why Worry (Dire Straits), tema de Pedro e Ana Maria; Sahara Night (F.R. David); The Finest (The S.O.S Band); It Won't Be The Same Old Place (James Warren); e outros.



Curiosidades:

Escrita por Lauro César Muniz e Marcílio Moraes, a sinopse de Roda de Fogo foi criada por um grupo de autores da Casa de Criação Janete Clair – Dias Gomes, Ferreira Gullar, Euclydes Marinho, Luiz Gleiser, Joaquim Assis, Marília Garcia e Antônio Mercado. A Casa de Criação Janete Clair foi criada em 1985, por Dias Gomes. O objetivo era selecionar e elaborar roteiros para as produções da TV Globo. Site Memória Globo.

- Roda de Fogo foi o primeiro trabalho de Lauro César Muniz em que ele contou com a colaboração de outro autor, no caso Marcílio Moraes. Na época, a dinâmica de criação e produção de novelas já apontava para a necessidade de os autores passarem a formar equipes de colaboradores.

- Segundo o autor Lauro César Muniz, toda a trama da novela foi desenvolvida a partir de uma ideia simples: a história de um empresário que descobria ter os dias contados e, a partir daí, fazia uma revisão de sua vida. O que seria um exercício despretensioso de criação se transformou em um projeto concreto quando o diretor Daniel Filho viu-se às voltas com a necessidade urgente de ter uma trama para entrar no horário das 20h.

Apesar de seu relevante sucesso e repercussão final, Roda de Fogo custou a “pegar” em seu início. O público torceu o nariz para o personagem vilão de Tarcísio Meira. A novela conquistou audiência quando Renato Villar humanizou-se, ao descobrir sua doença terminal. Aos poucos, o personagem foi conquistando a simpatia do público, que o perdoou e passou a torcer por ele. Ficaram famosas as cenas em que Renato tinha crises de fortes dores na cabeça. O final da novela, com a sua morte, criou polêmica. Muitos telespectadores escreveram pedindo que o personagem continuasse vivo.

- O ator Paulo Goulart, intérprete do juiz Labanca – o antagonista do vilão Renato Villar (Tarcísio Meira) – lembra que, à medida que o protagonista foi se regenerando na trama, por meio do amor que sentia pela juíza Lúcia (Bruna Lombardi), e passou de vilão a mocinho, seu personagem, apesar de estar do lado da lei, começou a ser um pouco mal visto pelo público, que não queria que ele atrapalhasse o romance do casal.  

- A novela também foi criticada por diferentes grupos de telespectadores. Alguns advogados alegavam que certos personagens da trama feriam a dignidade da profissão.

- A trama da luta pelo poder e a onda de assassinatos fez brilhar o vilão Mário Liberato – um dos melhores momentos de Cecil Thiré na televisão, num personagem com traços de uma homossexualidade enrustida, e uma possível paixão platônica e doentia por Renato Villar.

- Renata Sorrah, desfilando a classe de sua Carolina D'Ávila, esbanjou talento e marcou inconfundivelmente sua presença na trama. Destaque também para Eva Wilma em um trabalho sensível como a ex-militante política Maura Garcez.

- Hugo Carvana, que viveu o personagem Paulo Costa, conta que a novela fez muito sucesso, e recorda o alvoroço causado em uma churrascaria do Rio no dia em que ele, Cecil Thiré e Carlos Kroeber – todos intérpretes de personagens corruptos e ambiciosos na trama – encontraram-se para jantar.

- Roda de Fogo marcou a volta de Osmar Prado à TV Globo após um período afastado da emissora.

- Bruna Lombardi estava em evidência na época, por conta de sua atuação nas minisséries Grande Sertão: Veredas e Memórias de um Gigolô. Na pele da juíza Lúcia Brandão, a atriz desconstruiu a imagem com que o público estava acostumado a vê-la. Bruna apareceu morena, de cabelos escuros, e com um corte chanel. Os tailleurs, roupas de seda, brincos de argolas grandes e bracelete dourado marcaram o look sofisticado da personagem. Obra da figurinista Helena Gastal.

Após constantes atrasos para gravações e uma falta, Lúcia Veríssimo foi demitida pelo diretor artístico Paulo Ubiratan. A atriz deixou a novela antes de sua metade. A saída de sua personagem, Laís, irmã de Lúcia Brandão, foi explicada na trama com uma viagem sem volta para o exterior. No último capítulo, o pai delas, Fernando (Carlos Vergueiro), lê para Lúcia um postal que Laís mandara da Europa contando da viagem. E tudo ficou por isso mesmo.

Roda de Fogo foi premiada com o Troféu Imprensa de melhor novela de 1986. Tarcísio Meira levou o prêmio de melhor ator e Felipe Camargo, de “pessoa do ano”.

- A novela foi vendida para cerca de 40 países, entre eles Alemanha, Canadá, França, Itália, Marrocos, Romênia, Rússia, Cingapura e Suíça. 

- Foi reapresentada entre 21/05 e 06/07/1990, em Vale a Pena Ver de Novo. A novela mais picotada da sessão, a reprise sofreu um corte de 144 capítulos: dos 179 da apresentação original, foram exibidos apenas 35.

- Título provisório: Prova de Fogo

- Não confundir esta com a novela homônima produzida pela TV Tupi em 1978, escrita por Sérgio Jockyman e Walther Negrão: são histórias completamente diferentes, uma nada tem a ver com a outra.


*com informações dos sites Teledramaturgia e Memória Globo



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