Há 23 Anos Estreava a Minissérie DECADÊNCIA #70


Exibida a partir de 5 de Setembro de 1995, em 12 capítulos, Decadência foi uma minissérie escrita por Dias Gomes, com direção de Roberto Farias, Ignácio Coqueiro e Carlos Manga.

Decadência era a história do declínio de uma poderosa e conservadora família carioca, os Tavares Branco, no período que vai de 1984 a 1992. Passando pela morte de Tancredo Neves à eleição e o impeachment de Fernando Collor, os Tavares Branco vão falindo e deixando transparecer seus problemas familiares e financeiros.

A narrativa acompanhava a trajetória de Mariel (Edson Celulari), órfão criado na mansão do jurista Tavares Branco (Rubens Corrêa), sob os cuidados da empregada Jandira (Zezé Polessa) e em meio à indiferença dos netos do dono.

Mariel

Já adulto, torna-se motorista da família e objeto do desejo doentio de Jandira. Jandira inicia Mariel sexualmente ainda na adolescência. Mas ele se envolve com Carla (Adriana Esteves), neta mais nova de Tavares, o que desperta o ciúme da empregada. Por conta das intrigas de Jandira, Mariel acaba expulso da mansão, acusado de estupro.

Passado algum tempo, Mariel reencontra Jandira, e os dois passam a frequentar os cultos de uma igreja evangélica. Os anseios espirituais do ex-motorista logo são trocados pela ambição. E, em pouco tempo ele funda o Templo da Divina Chama, ao lado de Jandira, que lhe promete eterna dedicação.

Mariel e Jandira

A trama segue, então, contrapondo o exponencial enriquecimento de Dom Mariel com a ruína financeira da família Tavares Branco. À proporção que o número de igrejas se espalha pelo país, mais as pregações de Mariel passam a se afastar dos próprios princípios cristãos que tanto o tocaram inicialmente, sendo substituídos pela ganância e sede de vingança. O sonho de Mariel é comprar a mansão onde fora criado pra construir um de seus templos. Nesse momento, ele reencontra Carla e tenta negociar a compra do imóvel.

Carla e Mariel

No ápice de sua carreira de líder religioso, Mariel entra em confronto com o pastor Jovildo (Milton Gonçalves), que desconfia de irregularidades financeiras praticada com dinheiro de membros da igreja. Para ajudar Mariel, Carla pede a seu primo Vítor Prata (Raul Gazolla), que intervenha o conflito. Mas Vítor se interessa pela jovem, formando um triângulo amoroso entre ele, Carla e Mariel, que perdura durante toda a trama.

Enquanto isso, o delegado Etevaldo Morsa (Paulo Gorgulho) se dedica a uma investigação sobre Mariel. Jandira tenta, em vão, convencê-lo a desistir, oferecendo uma alta quantia em dinheiro.

Carla, ainda dividida entre os dois homens, acaba optando por Mariel, que marca a data do casamento. No dia da cerimônia, no entanto, Jandira, inconformada com a união do casal, conta à noiva que Mariel foi o responsável pela morte de seu pai, Albano (Stênio Garcia). Há um tempo, Celeste (Ariclê Perez), mãe de Carla, recebera uma fita anônima que comprovava a infidelidade do marido com Vilma Lucchesi (Virgínia Nowick), amante paga por Mariel, tudo armado. Na época, Albano não resistiu e morreu por complicações cardíacas. Decepcionada, Carla desiste do casamento. Mariel é preso pelo detetive Morsa, no altar, que ainda tenta suborná-lo em vão.

Em paralelo à trama principal correm as histórias dos netos de Tavares Branco, que passam a morar juntamente com os pais em sua mansão logo após a morte do avô. Dentre eles, Pedro Jorge (Luiz Fernando Guimarães) é o mais desajuízado e o único que não mora com a família. Tem um filho, Vicentinho (João Felipe), fruto de uma aventura amorosa. O menino é criado pela tia, Sônia (Maria Padilha), com quem vive na mansão. A mais velha das filhas de Albano e Celeste nutre uma paixão incestuosa pelo irmão e tem problemas com alcoolismo.

Pedro Jorge

Sônia

Suzana (Betty Goffman) se interessa por Vítor Prata, seu primo, cirurgião conceituado, recém-chegado dos Estados Unidos. Mas ele se interessa pela irmã dela, Carla, jovem idealista e contestadora.

Após a morte do pai, Suzana tem um sonho no qual Albano pede a ela que nunca deixe aquela casa, sendo este o maior bem deixado para sua família. No final, quando a mansão pega fogo, Suzana se nega a abandonar a casa e morre em meio ás chamas, enquanto Carla, impedida de passar pelos bombeiros, assiste a tudo, desesperada, do lado de fora.

Carla, Suzana e Sônia

O incêndio na mansão representa a decadência da poderosa família Tavares Branco, enquanto que Mariel, graças a um habeas corpus, é solto e pode expandir seus templos para à Itália. Carla termina ao lado do honesto Vítor.




Curiosidades:

- Decadência foi adiada em dois anos, estrearia, à princípio, em 1993, num pacote de minisséries que incluía Sex Appeal, Contos de Verão e Presença de Anita, que foi produzida e exibida apenas em 2001.

- Decadência causou polêmica ao tratar de assuntos fortes, como, por exemplo, o flashback do processo político de ascensão e queda do ex-presidente Fernando Collor.

- Mas a grande polêmica mesmo ficou a cargo das pregações religiosas de Mariel (Edson Celulari) e da crítica feita a esse fanatismo provocado com palavras e atos inflamados. A minissérie provocou a revolta das igrejas evangélicas, que se sentiram ofendidas com a maneira pela qual o assunto foi abordado. A Igreja Universal do Reino de Deus chegou a entrar na Justiça com uma ação civil indenizatória por danos morais. A Central Globo de Produção e a vice-presidência de operações da Rede Globo decidiram incluir na abertura da minissérie um texto que dizia ser “imprescindível renovar seu respeito a todas as religiões”. Lido por Edson Celulari – que na trama fazia discursos religiosos inflamados – o texto enfatizava que Decadência não pretendia criticar nenhuma religião em particular nem qualquer de seus representantes.

- Adriana Esteves, mesmo tendo uma boa atuação e sendo a mocinha da história, perdeu espaço para Zezé Polessa.

- Destaque para a inserção na minissérie de imagens da atriz Maria Zilda Bethlem descendo a rampa do Palácio do Planalto com o ex-presidente Fernando Collor de Mello, em 1990.

- Foram usados em Decadência efeitos especiais que permitiam a produção interferir em imagens jornalísticas de arquivo, acrescentando atores em cenas nas quais originalmente só havia personalidades políticas ou rostos anônimos. O lobista PJ (Luiz Fernando Guimarães), por exemplo, desceu a rampa do Planalto ao lado do presidente Fernando Collor, e a jovem Carla (Adriana Esteves) gritou em meio a uma manifestação de caras-pintadas.

- As cenas na mansão dos Tavares Branco foram gravadas numa locação em Petrópolis (RJ), por cerca de dois meses. A cenógrafa Cláudia Alencar cuidou do envelhecimento gradativo dos móveis e das paredes da casa. A produção também contou com recursos tecnológicos que garantiram o incêndio na mansão, todo feito em computação gráfica.

- Cenas marcantes:
Primeira noite de Carla e Mariel. Carla põe a calcinha sobre a Bíblia de Mariel que estava aberta em cima da cama.
Os porres tomados por Sônia, loucamente apaixonada pelo irmão PJ.
Irene (Maria Zilda Bethlem) flagrando o ex-marido PJ com duas amantes (gêmeas) e agindo naturalmente.
A morte de Suzana (Betty Goffman), que se fecha na mansão Tavares Branco em chamas e morre queimada. Carla, desesperada, assiste a morte da irmã do portão.

- Decadência rendeu a Edson Celulari o prêmio de melhor ator na TV em 1995 pela APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte).

- Após esse trabalho, Adriana Esteves transferiu-se para o SBT, onde fez a novela Razão de Viver (1996), voltando à Globo em 1997 como a protagonista Helena, em A Indomada, permanecendo na emissora até os dias atuais.

- A minissérie foi vendida para diversos países, como Angola, Bolívia, Bulgária, Canadá, Colômbia, Equador, Eslovênia, Nicarágua, Panamá, Portugal, República Dominicana, Uruguai e Venezuela.

- Título provisório: O Procurador de Jesus Cristo


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