Um Ano Sem Rogéria: Relembre as Novelas Que Ela Participou #69

Nascido em Cantagalo, no interior do Rio de Janeiro, em 25 de maio de 1943, Astolfo Barroso Pinto, virou transformista na adolescência e assumiu uma carreira de maquiador. Ao vencer um concurso de fantasias, no carnaval de 1964, tentaram renomeá-lo de Astolfo para Rogério, o que levou o público a gritos de "Rogéria", inspirando assim seu nome artístico definitivo.

Foi trabalhar como maquiadora na TV Rio, onde despertou para a carreira artística, atuando no cinema brasileiro e participando como jurada em vários programas de auditório como Cassino do Chacrinha.

Presença marcante na TV como entrevistada ou atriz, Rogéria foi uma precursora em se tratando de representação LGBT na telinha, e entre suas inúmeras participações também deixou seu brilho em nossas novelas. Para exaltar a memória da inesquecível artista que partiu há exatamente um ano, em 4 de setembro de 2017, aos 74 anos, o Lembra de Mim, recorda hoje as passagens da ofuscante Rogéria nas novelas.

Sua grande estreia em telenovelas ocorreu em 1989, na trama de Aguinaldo Silva, Tieta. Novela de enorme sucesso e repercussão, Rogéria entrou na história para uma participação especial como a intrigante amiga da protagonista, Ninete. Exuberante, a loiraça Ninete, mexeu com a libido e os preconceitos de toda a pequena Santana do Agreste e abalou as estruturas da terra de Tieta. Por causa da personagem de Rogéria, Tieta tem um dos melhores diálogos sobre tolerância e respeito à diversidade já exibidos em teledramaturgia, numa conversa entre Tieta e seu sobrinho seminarista, Ricardo, que não aceita o que Ninete é.

Ninete e Tieta

Em 2002, Rogéria marcou presença em Desejos de Mulher, novela das sete, de Euclydes Marinho. Ela era Regina, uma das amigas de Ariel (José Wilker) e Tadeu (Otávio Muller). Em mais uma participação pra lá de especial, Regina era uma das convidadas da festa de Tadeu, onde Ariel era desmascarado ao ter sua recente heterossexualidade descoberta.



Em Paraíso Tropical (2007), onde viveu Carolina, Rogéria teve participação mais efetiva, indo até o fim da novela. Na trama das oito de Gilberto Braga e Ricardo Linhares, Carolina era uma das várias amigas travestis de Virgínia (Yoná Magalhães), que enlouquecia a moralista síndica do prédio onde a amiga morava. Cheia de preconceitos, a síndica Iracema (Daysi Lúcidi), não queria que seu condomínio ficasse "mal falado" com a frequência de travestis. No final, Carolina conquistava a simpatia da síndica.

Carolina e Iracema

Na substituta de Paraíso Tropical, Rogéria também deu às caras. Novamente, Aguinaldo Silva convidou a artista para uma participação especial em Duas Caras (2007). Na novela das oito, a personagem era amiga da fotógrafa Dolores Maciel (Vera Fischer) e atendia por Atolfo Barroso.

Astolfo, Dolores, Débora e Luíza

Em 2012, um personagem inédito e surpreendente na carreira de Rogéria: na novela de época Lado a Lado, de João Ximenes Braga e Cláudia Lage, ela interpretou às 6 da tarde, Alzira Celeste, mulher cis, mãe da atriz Diva Celeste (Maria Padilha).

Alzira Celeste

Em sua última participação em novelas, Rogéria esteve no elenco de Babilônia, em 2015. Na trama de Gilberto Braga, Ricardo Linhares e João Ximenes Braga, deu vida a Úrsula Andressa. Estrela do show biz em seus áureas tempos, adotou o nome artístico por ser fã de Ursula Andress. É pai de Osvaldo Veloso (Werner Shünemann), um dos maiores traficantes do morro da Babilônia, que ficou preso por anos, e avô de Gabi (Kizi Vaz).

Úrsula Andressa e Gabi

Foram apenas seis novelas mais seriados, especiais e incontáveis programas de TV. Rogéria nos deixou cedo e deixou muita saudade. Seu legado artístico ficará para sempre.